MEC quer
exame em 6 e 13 de novembro, após as eleições; resultados do Enem 2021 estarão
disponíveis em 11 fevereiro
Resultados do Enem 2021 estarão disponíveis em 11 fevereiro -
O governo
Jair Bolsonaro (PL) já tem datas para a realização do Enem 2022. O MEC
(Ministério da Educação) trabalha para aplicar o exame nos dias 6 e 13 de
novembro, segundo informações obtidas pela Folha.
O Enem é a
principal porta de entrada para o ensino superior. É usado como vestibular para
a maioria das universidades federais, para parte das vagas de estaduais como a
USP (Universidade de São Paulo) e também critério para acesso a programas como
o Prouni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).
As provas
devem ocorrer após as eleições, como é comum em anos eleitorais. O exame
direcionado para privados de liberdade está marcado para 13 e 14 de dezembro.
Nesta aplicação também fazem candidatos que tiveram algum problema nas provas
iniciais.
As datas
ainda não foram oficializadas pelo governo. Integrantes do Inep confirmaram à
Folha que não deve haver mudanças nesse planejamento.
Questionado,
o Inep não respondeu. O órgão, ligado ao MEC, é responsável pelo exame.
Ainda não há
data para a publicação do edital da próxima edição. O documento define as
diretrizes da aplicação, como calendário de inscrições.
Sob o
governo de Bolsonaro, o Enem tem sido alvo de pressões para interferência em
seu conteúdo. O objetivo seria alinhar a prova à diretriz ideológica de
Bolsonaro, que tem críticas acumuladas a questões supostamente de esquerda ou
inadequadas.
Reportagem
da Folha mostrou, entretanto, que questões que foram alvo de Bolsonaro e
conservadores foram eficientes para avaliar conhecimento dos participantes.
O embate
ideológico é a principal marca do governo na educação e há disposição para
barrar temas no Enem que desagradam o presidente e apoiadores, como questões de
gênero e da ditadura militar (1964-1985) —o período, elogiado por Bolsonaro,
não mais foi abordado desde 2019.
A Folha
revelou que Bolsonaro chegou a pedir para o ministro da Educação, Milton Ribeiro,
questões que tratassem o golpe de 1964 por revolução, em consonância com o
revisionismo histórico que ele e apoiadores defendem.
Em junho do
ano passado, a Folha mostrou que uma portaria do Inep estabelecia uma espécie
de "tribunal ideológico", com a criação de uma nova instância
permanente de análise dos itens das avaliações da educação básica. A ideia foi
abortada depois da má repercussão.
Às vésperas
do Enem de 2021, o Inep passou por uma crise histórica, com a debandada de
servidores de postos-chave, denúncias de interferência no conteúdo do exame e
de assédio moral.
O Inep
trocou um de seus diretores nesta quarta-feira (19) como retaliação à situação,
segundo relatos. Mais exonerações são esperadas.
O órgão tem
efetivado a exoneração de cargos dos demissionários do ano passado. Nesta
quinta (20), três desses servidores foram desligados oficialmente de funções
gratificadas, mas ainda não houve reposições até agora.
O Enem 2021
foi marcado por baixo número de inscritos e participantes. A edição foi ainda a
mais excludente da história, com a menor proporção de inscritos pretos, pardos,
indígenas e pobres.
Parte desse
cenário é atribuído por congressistas e especialistas ao próprio MEC. Ministro
da Educação, Ribeiro negou-se a estender no ano passado gratuidade a faltosos
do exame no ano anterior, realizado em meio ao avanço da Covid-19.
Na aplicação
regular, fizeram de fato o exame 2.179.559 pessoas. Na prova impressa, a
abstenção foi de 29,5%. Já na aplicação digital, que teve 69 mil inscrições confirmadas,
a taxa de faltosos foi de 50,1%.
Os
resultados dos participantes estarão disponíveis em 11 fevereiro, segundo o
Inep.
As
inscrições para o Sisu (Sistema de Seleção Unifica) começam no dia 15 de
fevereiro e vão até 18 do mesmo mês. Já o prazo de inscrição para o Prouni será
de 22 a 25 de fevereiro. No início de março, do dia 8 ao dia 11, será a vez do
processo de inscrição no Fies.