Polícia
investiga relação entre os crimes
Num
intervalo de 12 horas, uma família de ciganos foi praticamente exterminada
na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Foram quatro mortos: uma mulher,
marido dela e seus dois enteados. Os crimes são apurados pela Polícia
Civil, que investiga se os casos estão relacionados.
As primeiras
mortes aconteceram na cidade de Dias d'Ávila por volta das 19h30 desta
terça-feira (11). O casal Orlando Alves, 59 anos, e Luciene Alves de Oliveira,
56, estava dentro de casa quando foi baleado por um homem numa moto. Já em
Camaçari, o irmão e dois sobrinhos de Orlando estavam da porta da
residência quando tiveram os corpos perfurados por balas por volta das 7h30
desta quarta-feira (12) - dois deles morreram no local e o terceiro está
internado no Hospital Geral de Camaçari e não há informações sobre o seu estado
de saúde.
Há cerca de
40 dias, um filho de Orlando foi assassinado numa emboscado na localidade
de Cascavel, em Dias d'Ávila. "Do nada, chegam, matam e ninguém sabe o
porquê", disse um cigano, amigo da família, que preferiu não revelar o
nome. No entanto, informações preliminares da polícia dão conta de que as
mortes teriam sido encomendadas por um outro cigano, que responsabiliza a
família de Orlando pela morte do seu neto.
Dias
d'Ávila
O crime em Dias d'Ávila aconteceu na Rua dos Jardins no bairro de Petrópolis, onde
Orlando e Luciene moravam há mais de 20 anos. Segundo alguns ciganos
vizinhos das vítimas, na hora, o neto do casal, um rapaz de 14 anos, correu
para o banheiro, onde permaneceu escondido. Eles relataram que o criminoso
parou a moto em frente à residência das vítimas. "Ele chamou o velho pelo
nome. Quando abriu a porta, ele recebeu os primeiros disparos. A mulher
estava um pouco distante de Orlando e foi baleada logo em seguida",
contou o cigano.
Homem desceu de uma moto e matou o casal dentro de casa (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)
Segundo os
ciganos, os corpos foram encontrados com várias perfurações na cabeça e no
tórax. "O que fizeram com eles foi uma tamanha crueldade. Orlando e a
mulher foram os primeiros ciganos a chegarem aqui no bairro. Tudo mundo gostava
dos dois. Era um casal pacato, que não mexia com ninguém", declarou
o cigano. Orlando trabalhava com venda de casas na localidade.
Os outros
vizinhos disseram à reportagem que nada viram. A Polícia Civil informou que o
caso é apurado pela 25ª Delegacia Territorial (DT/Dias D'Ávila).
Camaçari
Mas as mortes na família não pararam. Por volta das 7h30 desta quarta (12),
moradores da Rua Serra Verde, da localidade de mesmo nome, acordaram com os
tiros efetuados contra o irmão e sobrinhos de Orlando, Alcides, de 76 anos, e
Nilson Alves, de 44 anos, que foram atingidos e morreram em frente à
igreja Assembleia de Deus Peniel - ao lado da casa onde moravam.
Três ciganos foram baleados na porta de casa - dois deles morrem no local (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)
Um segundo sobrinho,
Joel, de 45 anos, também foi baleado e foi socorrido por outros ciganos
que moram no local. Os três irmãos estavam dentro de um Palio vermelho na hora.
As circunstâncias de como foram baleados é desconhecida pelos moradores.
"Acordei com os tiros. Foram mais de dez. Na hora, foi até a minha mãe que
estava na sala e a levei para o fundo da casa com medo de bala perdida. Quando
tudo ficou em silêncio, fui até o portão e por uma abertura vi que havia um
homem no chão, vivo e sangrando muito. Vi na hora que os outros ciganos deram
socorro", contou um morador que, até então, não sabia dos mortos.
"Pensava que só tinha um homem baleado e que tinha saído daqui com vida.
Mas quando a polícia chegou, resolvi sair e só aí tomei conhecimento que havia
dois corpos na rua", complementou.