Análise
realizada por especialistas aponta doença congênita rara, até então
desconhecida pela família
A Secretaria
de Estado da Saúde de São Paulo concluiu nesta quinta-feira (20) que a vacina
contra a Covid-19 não foi a causa de uma parada cardíaca em uma criança de 10
anos, notificada em Lençóis Paulista, no interior do estado. Ela havia recebido
o imunizante da Pfizer, indicado para sua faixa etária.
O evento
adverso pós-vacinação foi descartado após análise do Centro de Vigilância
Epidemiológica da pasta, realizada por mais de dez especialistas. "Não existe
relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o
evento adverso pós-vacinação está descartado", diz a conclusão do
relatório.
A análise
apontou que o episódio foi desencadeado por uma doença congênita rara, até
então desconhecida pela família. A criança já teve o quadro revertido e ainda
se encontra hospitalizada, mas estável.
Um ponto que
chamou a atenção dos especialistas foi o curto intervalo entre a vacinação e o
início dos sintomas —menos de 12 horas. O tempo decorrido não sustentaria a
hipótese de uma miocardite desencadeada pela vacinação, segundo a investigação.
Em nota, a
Secretaria da Saúde diz que reforça a importância da vacinação e "reafirma
que todas os imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária [Anvisa] são seguros e eficazes".
A
investigação do caso foi conduzida de forma conjunta pela Divisão de Imunização
do estado e pelos Grupos de Vigilância Epidemiológica de Botucatu e de Bauru,
além do município de Lençóis Paulista.
O
diagnóstico revelou uma pré-excitação no eletrocardiograma da criança, o que,
segundo a secretaria, é uma característica da síndrome de Wolff-Parkinson-White
(WPW).
"Esta é
uma condição congênita que leva o coração a ter crises de taquicardia. Algumas
destas crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo
morte súbita", explica em nota.
A informação
de que uma criança apresentou alterações nos batimentos cardíacos após tomar a
vacina contra a Covid-19 levou a Prefeitura de Lençóis Paulista, no interior
paulista, a suspender a campanha de imunização de crianças na quarta-feira
(19).
A decisão
foi tomada pelo prefeito Anderson Prado (DEM) depois de circular um relato de
que uma criança com asma teria apresentado alterações nos batimentos cardíacos
e, de acordo com os pais, desmaiado cerca de 12 horas após a aplicação da
vacina.
Em nota
divulgada nas redes sociais, a Prefeitura de Lençóis Paulista afirmou que optou
por suspender a vacinação infantil por sete dias mesmo antes de ter acesso ao
prontuário da criança.
A Anvisa autorizou
em 16 de dezembro o uso da vacina da Pfizer para imunizar crianças de 5 a 11
anos. O imunizante já era aprovado para as outras faixas etárias.
A campanha
de vacinação das crianças foi aberta na última sexta-feira (14), em São Paulo.
O primeiro imunizado foi Davi Seremramiwe Xavante, um menino indígena de 8
anos.
A vacinação
de crianças e adolescentes é tema sensível no governo Jair Bolsonaro (PL), pois
o mandatário distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens. Ele
chegou a ameaçar expor nomes de servidores da Anvisa que aprovaram o uso de
vacinas da Pfizer em crianças.