Durante a madrugada desta sexta-feira (18), sirenes no Morro
da Oficina, um dos locais mais devastados pela tempestade que destruiu a
cidade, voltaram a tocar. Ao todo, apenas 80 corpos foram identificados.
Após quatro dias de buscas em Petrópolis, o Corpo de
Bombeiros acredita ainda ser possível resgatar vítimas com vida da lama.
Durante a madrugada desta sexta-feira (18), sirenes no Morro da Oficina – um
dos locais mais devastados pela tempestade que causou deslizamentos e destruiu
a cidade – voltaram a tocar
O número de mortos chegou a 130, segundo o
Corpo de Bombeiros. O Instituto Médico-Legal (IML) informou que, entre as
vítimas, há 79 mulheres e 41 homens, sendo 21 menores de idade. Ao todo, 80 corpos foram identificados, e outros 64, liberados.
O IML recebeu ainda partes de outros dois corpos – nesse
caso, não é possível identificar se são de homem ou de mulher, razão pela qual
será preciso fazer coleta de material genético de parentes.
Até esta quinta-feira (17), o IML tinha apenas um caminhão
frigorífico para armazenar os corpos. Nesta sexta, com o reforço da
infraestrutura, o órgão passou a contar com dois caminhões e dois contêineres
frigoríficos.
Segundo a Polícia Civil, foram feitos 218 registros de
desaparecimentos, mas não se sabe quantos desses já foram encontrados. Veja quem
são os desaparecidos e como tentar encontrar alguém.
Até a última atualização desta reportagem, o tempo permanecia
instável em Petrópolis nesta sexta. O coronel Leandro Monteiro,
secretário estadual de da Defesa Civil e comandante dos bombeiros, explicou que
não pode avançar com máquinas pesadas, como tratores, em qualquer lugar.
“Nestes locais onde a população pede o uso de máquinas, nós
não podemos entrar com máquinas agora. O Corpo de Bombeiros acredita
encontrar pessoas com vida ali”, afirmou Monteiro. “Eu não posso remover o solo
da maneira que eles querem".
Monteiro detalhou o protocolo dos bombeiros: “Temos uma
técnica para este tipo de desastre. Primeiro, precisamos de silêncio. É um
trabalho manual, chamamos as pessoas pelo nome, depois passamos com os cães
treinados para encontrarem pessoas vivas, e depois os bombeiros passam fazendo
mais um chamado pelo nome”.
Na noite desta quinta-feira (17), voltou a chover forte, o
que fez a Defesa Civil acionar as 14 sirenes do primeiro distrito, para
aviso de previsão de chuva forte na região. A Defesa Civil do município também
disparou sirenes nestas localidades:
- 24
de maio
- Ferroviários
- Vila
Felipe — Chácara Flora 2
- Sargento
Bohning
- São
Sebastião — Adão Brand
- São
Sebastião — Vital Brasil
- Siméria
Por causa do mau tempo e do terreno instável, as buscas haviam
sido suspensas na noite desta quinta, para garantir a segurança das equipes.
Veja, abaixo, fotos desta sexta:
Também na tarde de quinta, um novo deslizamento fez com que
as autoridades retirasse as pessoas do bairro 24 de Maio. Uma moradora contou
que uma barreira passou a um palmo da casa dela.
A Delegacia de descoberta de paradeiros (DDPA) mandou quase
todo seu efetivo para Petrópolis.
Quatro equipes passaram o dia fazendo uma varredura em
hospitais, abrigos e escolas para identificar as pessoas desaparecidas.
"As pessoas que perderam entes queridos não têm condição
de ir a uma delegado fazer registro de desaparecimento. Então, montamos esse
mutirão, indo nos locais, para pegar nomes, dados, roupas que essas pessoas
estavam usando na hora, tudo pra facilitar essas identificações", explicou
a delegada Ellen Souto.
Cerca de 500 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos.
Resgates
Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, 24 pessoas
foram resgatadas com vida e 705 pessoas foram encaminhadas para os 33 pontos de
apoio montados na cidade em igrejas e escolas da rede pública municipal.
Entre os sobreviventes, os rodoviários que trabalhavam nos
dois ônibus que foram arrastados para dentro do rio Quitandinha conseguiram
sair dos veículos com vida.
A informação foi divulgada pelo Sindicato das Empresas de
Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) nesta quinta-feira (17).
Cidade sob a lama
Logo cedo nesta quarta-feira, era possível ver o tamanho da
devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o que era casa,
o que era terra ou o que era rua.
Morros vieram abaixo, carregando pedras do tamanho de
carros; veículos ficaram empilhados com a força da correnteza; vias importantes
foram bloqueadas, dificultando o acesso aos desabrigados.
O Alto da Serra foi uma das localidades mais devastadas. A
prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram atingidas pela barreira que
caiu no Morro da Oficina.