Policial faz exames para confirmar morte cerebral, após acidente
na região da Chapada
Um homem que se passava por médico foi preso em flagrante na
noite da terça-feira (8), no Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo a Polícia
Civil, ele estava enganando a família do investigador Yago da França Souza
Avelar, que está em protocolo para confirmação de morte cerebral após um
acidente de carro.
Vestico de jaleco e com estetoscópio, o falso médico teve
acesso à UTI onde o policial estava internado e passou a fornecer informações
falsas sobre o estado de saúde do policial.
Yago sofreu um acidente na BA-233, na Chapada Diamantina,
quando fazia transferência de presos em uma viatura, na sexta-feira (4). Os
quatro presos ficaram feridos. Outros dois policiais que estavam no veículo
morreram.
No sábado a equipe médica que tratava de Yago informou à
família e à Polícia Civil que o investigador teve morte encefálica, sendo
iniciado o protocolo para confirmação, que exige exames clínicos e
complementares. Um médico decidiu solicitar novos procedimentos para investigar
o estado de saúde de maneira mais aprofundada, antes de atestar o encerramento
de suas atividades cerebrais. "Entretanto, como em todo quadro clínico, é
possível haver desdobramentos imprevistos, e a Polícia Civil da Bahia segue
aguardando novos posicionamentos da equipe médica e orando pela mudança do
quadro", diz nota divulgada pela corporação.
O falso médico passava por áudios informações que seriam
sobre o real estado de saúde de Yago. As mensagens viralizaram nas redes
sociais. Familiares chegaram a compartilhar que eram falsas as notícias sobre a
morte do investigador, divulgada inicialmente pela Polícia Civil no sábado (5).
"Fique tranquila porque Yago tá vivo. Ele não tá morto. Essa morte
cerebral que foi decretada a ele não é real. Existe a possibilidade de vida.
Porque o coração dele tá batendo perfeitamente sem medicamento, o pulmão dele
está respirando sem medicamento, ele tá lutando a favor da vida", dizia
uma das mensagens que o falso médico enviou para parentes do policial.
Uma familiar de Yago, que é médica, desconfiou de algumas
declarações do falso médico. Policiais de Seabra, que estavam no hospital,
resolveram abordar o homem. Ele trazia uma identidade da Argentina e não
apresentou nenhum documento que comprovasse que pode exercer a medicina. Com
ele, foi apreendido um carimbo com nome de Fabio Mitchel Abrahim, e um número do
Conselho Regional de Medicina (CRM).
"Trata-se de uma pessoa que se passava por médico, não
se sabe ainda porque, estamos ainda analisando o interrogatório dele.
Inicialmente trata-se de uma pessoa que quis entrar naquela unidade e repassar
informações para família como se médico fosse. Isso trouxe para a família
esperanças de uma melhora de saúde do colega", diz o delegado Maurício
Moradillo, da 1ª Delegacia.
O falso médico foi apresentado na 1ª DT, onde foi autuado em
flagrante por exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica. A delegacia
instaurou inquérito e vai apurar também o acesso ao HGE. A Secretaria de Saúde
do Estado da Bahia (Sesab) diz que o falso médico não faz parte do corpo clínico
da unidade e que as circunstâncias do acesso à unidade e ao paciente serão
detalhadas no decorrer da investigação da polícia.