Fotos mostram pessoas na região de Donetsk participando de
treinamento neste domingo (13) na região de Donetsk, incusive idosos e
crianças. Prática já vinha antes da escalada da disputa nas últimas semanas.
Mulher de 79 anos participa de treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia, neste domingo (13) — Foto: Vadim Ghirda/AP
Milhares de civis participaram na Ucrânia, neste final de
semana e no anterior, de programas de treinamento para combate criados e
administrados pelo governo e por grupos paramilitares privados e que integram o
plano estratégico de defesa do país no caso de uma possível invasão pela
Rússia. Entre os participantes havia idosos e crianças.
Criança participa de treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia — Foto: Vadim Ghirda/AP
O objetivo do governo ucraniano não é superar o poderio
militar russo, algo virtualmente impossível para a Ucrânia, e sim criar uma
forma de resistência civil que torne impraticável uma ocupação por uma força
estrangeira.
Civis participam de treinamento usando 'rifles' de madeira em uma fábrica abandonada de Kiev, no domingo passado (6) — Foto: Sergei Supinsky/AFP
A prática não é algo que surgiu devido à recente escalada na
tensão. Uma reportagem publicada no final de dezembro pelo jornal americano
"The New York Times" afirma que, com a iniciativa, a Ucrânia parece
tirar lição das guerras combatidas nas últimas duas décadas pelos Estados
Unidos no Iraque e no Afeganistão, quando guerrilheiros forneceram resistência
duradoura em face de um poder de fogo americano muito superior.
"Temos um exército forte, mas não forte o suficiente
para nos defendermos da Rússia", afirmou ao jornal a médica Marta Yuzkiv,
que se inscreveu para participar do treinamento. "Se formos ocupados, e
espero que isso não aconteça, nos tornaremos a resistência nacional."
Mulher é instruída durante treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia — Foto: Vadim Ghirda/AP
Ataque a qualquer momento
Os russos poderiam atacar a Ucrânia "a qualquer momento",
reiteraram neste domingo (13) altos funcionários americanos, no dia seguinte a
um telefonema entre Joe Biden e Vladimir Putin, que lhes deu "motivos para
otimismo".
A conversa por telefone entre os dois presidentes
"certamente não mostrou que as coisas estivessem se movendo na direção
correta", disse à Fox o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
"Não há sinais de que Putin tenha a intenção de aliviar
as tensões", acrescentou. "Acreditamos que uma ação militar
importante poderia ocorrer a qualquer momento".
A Rússia, que nega qualquer vontade de ir para a guerra,
concentrou desde novembro mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia e
iniciou manobras militares em Belarus e no Mar Negro nos últimos dias, cercando
de fato seu vizinho.
"Durante diez dias, temos visto uma aceleração do
reforço das tropas russas e seu posicionamento mais perto da fronteira, razão
pela qual poderiam lançar uma ação militar muito, muito rapidamente",
acrescentou à CNN o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake
Sullivan.
Segundo ele, o ataque "poderia ocorrer ainda esta
semana". "É provável que comece com fortes ataques com mísseis e
bombardeios", seguidos de "movimentações de tropas terrestres",
avaliou.
No entanto, disse que continua sendo possível que Putin opte
pela via diplomática. "Não estou na cabeça dele", afirmou Sullivan.
Perguntado sobre as reservas expressas pelo presidente
ucraniano, Volodimir Zelensky, para quem os Estados Unidos são muito alarmistas,
Sullivan explicou que Washington decidiu compartilhar publicamente sua análise
para "evitar que a Rússia pegue a Ucrânia e o mundo de surpresa".
Zelensky e Biden têm previsto falar por telefone neste
domingo.
Nos últimos dias, intensificaram-se os esforços diplomáticos
para tentar evitar uma guerra na Ucrânia. Após a visita do presidente francês,
Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, é esperado na segunda-feira
em Kiev e na terça-feira em Moscou.