Abordagem ocorreu em meio à ocorrência de perturbação de
sossego em SC; comandante diz que 'não concorda com atitude'
Agressão ocorreu por volta das 4h – Foto: Reprodução/ND
A Polícia Militar de São Joaquim agrediu um homem na
madrugada deste sábado (5) ao atender ocorrência de perturbação de sossego. O
rapaz, cliente do bar denunciado, sofreu cinco tapas de um policial. Outro PM
lançou spray de pimenta diretamente no rosto do agredido.
Veja abaixo o momento da abordagem:
A agressão ocorreu enquanto os policiais evacuavam o Terraço
Pub, bar localizado no Centro de São Joaquim. A PM foi acionada por
volta das 2h – no local ocorria uma festa com cerca de 200 pessoas. O jovem, um
dos clientes, foi agredido duas horas depois, mostra o horário da câmera.
Segundo testemunhas, o rapaz queria pegar uma jaqueta que
ficou no estabelecimento. A agressão teria ocorrido quando ele tentou entrar no
local. Após sofrer os tapas, ele empurra o policial, momento em que o segundo
soldado lança o spray.
De acordo com a PM, um grupo de pessoas estavam “incitando a
desobediência por parte demais”. “Em certo instante na área externa,
determinado grupo de pessoas estavam de certa forma incitando a desobediência
por parte demais, contra nossa guarnição, situação na qual utilizamos gás
pimenta para dispersar o público. Ainda, enquanto dispersavam, fizeram a “maior
zona” na cidade, com som alto em veículos, acelerando carros, motos,
algazarras”, registraram.
“Não concordamos com a atitude”
José Luís Valério, comandante da Polícia Militar de São
Joaquim, afirmou ao ND+ que notificará a corregedoria da
corporação para apurar a conduta dos soldados. O procedimento será realizado
pelo 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar), em Lages. A notificação deve ser
feita na segunda-feira (7), segundo Valério.
“Vemos que o vídeo está cortado, mas as imagens mostram que o
policial está errado. Orientamos para que esse tipo de situação não ocorra. As
vezes o soldado perde a cabeça, mas acaba respondendo. Não concordamos com esse
tipo de atitude”, afirmou.
Durante o IPM (Inquérito Policial Militar) devem ser ouvidas
testemunhas e analisadas as gravações completas, incluindo também as câmeras
policiais. Após concluído, o inquérito será encaminhado para o promotor. Os
soldados não foram ouvidos pelo comandante até o início da tarde deste sábado
(5).
Bar foi evacuado com spray de pimenta
Ao chegar no local, os policiais militares pediram que fosse
desligado o som e encerrasse a festa. O proprietário tentou negociar para
manter o evento, que ainda estava no início, mas não teve sucesso. A mesa do DJ
utilizada na festa foi apreendida.
Segundo o proprietário Thiago de Anselmo Miguel, nas outras
denúncias os soldados orientaram que fosse reduzido o som, o que permitia que a
festa seguisse. “Eu sempre concordei. As vezes trabalhamos no caixa e não
percebemos que o som está alto”, afirma.
O local passou por adaptações no início de janeiro para
reduzir o impacto do barulho. Orientados pela Polícia Civil, eles contrataram
um engenheiro de som para realizar o isolamento acústico do local. “Para terem
nos abordado assim, precisava de uma máquina aferindo decibéis. Levaram a mesa
sem mandato algum”, afirma.