Doença de Chagas: saiba o que é, sintomas, transmissão e tratamento

Doença considerada negligenciada é causada por um parasita, e pode levar a problemas crônicos no organismo

A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo parasita Trypanosoma cruzi (T. cruzi), que possui como hospedeiro intermediário um inseto conhecido popularmente como barbeiro e que, durante a picada, defeca ou urina, liberando o parasita. Após a picada, a reação normal da pessoa é coçar o local, permitindo a entrada do T. cruzi no organismo e o desenvolvimento da doença.

A infecção pelo Trypanosoma cruzi pode levar ao aparecimento de inchaço no local de picada do inseto, febre, aumento dos gânglios linfáticos e complicações para a saúde, como alterações no sistema digestivo e/ou cardíaco, principalmente aumento do músculo cardíaco, devido à cronicidade da doença. A condição é considerada negligenciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na presença de sinais e sintomas de possível picada do barbeiro, T. cruzi, é importante que o clínico geral ou infectologista seja consultado, pois assim é possível realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento, que normalmente envolve o uso de medicamento benznidazol, que é eficaz na fase aguda da doença, agindo diretamente sobre o T. cruzi.

Sintomas da doença de Chagas

A doença de Chagas pode ser classificada em duas fases principais, a fase aguda e a fase crônica. Na fase aguda normalmente não há sintomas e corresponde ao período em que o parasita está se multiplicando e se espalhando pelo corpo através da corrente sanguínea. No entanto, em algumas pessoas, principalmente em crianças devido ao sistema imunológico mais fraco, podem ser percebidos alguns sintomas, sendo os principais:

  • Sinal de Romaña, que é o inchaço das pálpebras, sendo indicativo de que houve entrada do parasita no organismo;
  • Chagoma, que corresponde ao inchaço de um local da pele e indica a entrada do T. cruzi no organismo;
  • Febre;
  • Mal estar;
  • Aumento dos gânglios linfáticos;
  • Dor de cabeça;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia.

A fase crônica da doença de Chagas corresponde ao desenvolvimento do parasita nos órgãos, principalmente coração e sistema digestivo, podendo não causar sintomas por anos. Quando surgem, os sintomas são graves, podendo haver aumento do coração, chamado de hiper ou cardiomegalia, insuficiência cardíaca, megacólon e megaesôfago, por exemplo, além de poder haver aumento do fígado e do baço.

Como é o diagnóstico

O diagnóstico da doença de Chagas é feito pelo clínico geral ou infectologista com base na fase da doença, dados clínico-epidemiológicos, como lugar em que vive ou que visitou e hábitos alimentares, e sintomas apresentados pela pessoa.

É normalmente solicitada a realização de exame de sangue, como o hemograma, e pesquisa do parasita no sangue, como gota espessa e esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa. Além disso, o médico pode também solicitar a realização de exames de imagem, como ultrassonografia abdominal e ecocardiograma, por exemplo.

Transmissão da doença de Chagas

A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, que possui como hospedeiro intermediário o inseto barbeiro. Esse inseto costuma ser encontrado em frestas de casas de pau a pique, camas, colchões, depósitos, ninhos de aves, troncos de árvores, dentre outros locais, sendo que tem preferência por locais próximos à sua fonte de alimento.

O barbeiro, assim que se alimenta do sangue, tem o hábito de defecar e urinar logo a seguir, liberando o parasita, e quando a pessoa coça, esse parasita consegue entrar no organismo e atingir a corrente sanguínea, sendo esta a principal forma de transmissão da doença.

Ciclo de vida do T. cruzi

O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi tem início quando o parasita entra na corrente sanguínea da pessoa e invade as células, se transformando em amastigota, que é a fase de desenvolvimento e multiplicação. Os amastigotas podem continuar invadindo células e se multiplicando, mas também podem ser transformados em tripomastigotas, destruírem as células e ficarem circulantes no sangue.

Um novo ciclo pode ter início quando o barbeiro pica uma pessoa infectada e adquire esse parasita. Os tripomastigotas no barbeiro transformam-se em epimastigotas, multiplicam-se e voltam a se tornar tripomastigotas, que são liberados nas fezes desse inseto.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a doença de Chagas deve ser iniciado assim que for feito o diagnóstico, sendo normalmente realizado com o uso de benznidazol, um medicamento antiparasitário oferecido pelo SUS e que atua diretamente no T. cruzi. De forma geral, o tratamento é feito com 2 a 3 doses do medicamento por dia, durante 60 dias seguidos. A dose deve ser orientada pelo clínico geral ou infectologista.

É importante que o tratamento seja feito conforme a orientação do médico e que seja continuado mesmo que não existam mais sintomas aparentes, pois dessa forma é possível garantir que a ação contra o parasita foi eficaz, de forma a diminuir a sua taxa de multiplicação e espalhamento.

Tratamento durante a gravidez

Por existir risco de toxicidade para a gestação, o tratamento da doença de Chagas não está recomendado durante a gravidez, sendo apenas feito após o parto. No entanto, nos casos mais graves em que há risco para a mulher ou para o bebê, pode ser recomendado o tratamento na gestação. Quando o tratamento não é feito, existe risco de a infecção passar da mãe para o bebê durante a gestação ou até durante o parto.

Sinais de melhora e piora

A melhora dos sintomas geralmente vai surgindo gradualmente a partir da primeira semana de tratamento e inclui redução da febre, melhora do mal estar, diminuição do inchaço abdominal e desaparecimento da diarreia.

Embora os sintomas possam melhorar até ao final do primeiro mês, o tratamento deve ser mantido por dois meses para garantir que os parasitas inseridos no organismo pela picada do inseto sejam completamente eliminados. A única forma de garantir que a doença está curada é fazendo um exame de sangue no final do tratamento.

Por outro lado, quando o tratamento não é iniciado ou não é feito de forma adequada, os sintomas podem desaparecer ao fim de dois meses, no entanto, os parasitas continuam no corpo se desenvolvendo e infectando vários órgãos. Nestes casos, a pessoa pode voltar a ter novos sintomas até 20 ou 30 anos após a primeira infecção. Porém, estes sintomas são mais graves e estão relacionados com lesões em vários órgãos como coração, pulmões e intestino, colocando a vida em risco.

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