Varejista irá retomar comercialização de itens por meio do
seu martketplace
Quem acessa o site da Ricardo Eletro procurando por promoções
de televisores a máquinas de lavar pode ficar frustrado. Isso porque no site
daquela que já foi a segunda maior varejista de eletrônicos do Brasil existem
apenas alguns itens aleatórios à venda, como coleira antilatido, colchonetes
para exercícios e um repelente eletrônico.
Segundo o presidente da companhia, Pedro Bianchi, essa
complicada realidade está prestes a mudar. Já no próximo mês, a varejista - que
é uma marca da Máquina de Vendas - irá retomar a comercialização dos mais
variados itens e de diversas marcas por meio de seu marketplace, com uma marca
totalmente reformulada. E, futuramente, voltará a operação própria.
"A empresa chegou ao fundo do poço, mas agora estamos
apostando em uma reformulação total e uma pegada mais digital, porém sem
megalomania", afirma Bianchi.
Para entender a atual situação da companhia é preciso voltar
um pouco no tempo. Após uma consolidação em série de varejistas regionais no
começo da década passada feita pela Ricardo Eletro, cujo dono era o empresário
Ricardo Nunes, surgiu a Máquina de Vendas.
Além da marca principal, o grupo tinha outras, como a
Insinuante, Salfer, City Lar e Eletroshopping. O faturamento chegou a R$ 9,5
bilhões em 2014, com 1,2 mil lojas.
Porém, com dificuldades de absorver as empresas adquiridas e
uma operação digital bem abaixo da concorrência, tudo começou a desandar.
Em 2018, veio a recuperação extrajudicial - graças aos
bilhões em dívidas com bancos e fornecedores - e a promessa de que as coisas
iriam mudar. Foi nessa época que Bianchi, então sócio do fundo Starboard, entrou
no comando da empresa.
A pandemia complicou o cenário da já combalida Máquina de
Vendas, que decidiu fechar todas as lojas. Resultado: a receita da empresa foi
minguando, de R$ 180 milhões mensais em 2019 para praticamente zero.
Para completar, por dívidas tributárias, Ricardo Nunes foi
preso em 2020, acusado de sonegação, mas ficou só um dia na cadeia.
Bianchi comprou a participação de Nunes e o antigo dono
partiu para a vida de coach.
Durante a pandemia, Bianchi decidiu largar o seu cargo na
Starboard para focar totalmente na Máquina de Vendas. Com isso, a sua principal
missão foi renegociar todas as dívidas da companhia, que chegam a R$ 4 bilhões,
além de mais R$ 1 bilhão em atrasos tributários.
O resultado disso tudo foi que a empresa precisou entrar em
recuperação judicial.
Presente
Enquanto isso era feito, a empresa se readequou à nova realidade O número de
funcionários - que chegou a ser de 28 mil - está em 40, com a maioria
trabalhando de casa e alguns no modelo híbrido, em uma pequena sede em Contagem
(MG).
O sistema do e-commerce, que era próprio, foi trocado pelo da
VTEX.
Com o site novo, Bianchi aposta na atração de vendedores
cobrando comissões menores nas vendas em comparação às suas rivais para fazer
frente nesse novo momento.
Com essa estratégia, Bianchi estima que a Máquina de Vendas
volte a ter vendas brutas de R$ 120 milhões mensais até o fim do ano.
O retorno das lojas físicas está previsto para 2023,
começando por São Paulo e Minas Gerais.
"Apesar de nunca termos tido lojas em São Paulo, é o
mercado que mais compra do nosso e-commerce. E também estamos estudando voltar
com algumas marcas, pois há muitos consumidores pedindo a volta de lojas como a
Salfer e a Insinuante", diz o presidente. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.