Família de rapaz morto nega versão da polícia. Atingido por
disparo levantou os braços antes da ação do agente
Um jovem foi flagrado sendo baleado e morto por um policial
militar no Espírito Santo. A violência, registrada por câmeras de
monitoramento, mostra a vítima em pé e, ao ver a aproximação do agente,
levanta os braços na altura da cabeça após o pedido do policial. O PM atirou na
sequência e revistou o homem.
A Associação de Cabos e Soldados do estado divulgou um
vídeo em que diz que o rapaz carregava uma submetralhadora. A família da
vítima, porém, nega a acusação.
No vídeo, com conteúdo em áudio, o policial diz que "se
alguém quiser socorrer, socorre, mas a arma está aqui", sob desespero de
moradores. Outro disparo foi ouvido durante a ocorrência. O policial pediu uma
faca para, supostamente, cortar a alça que prendia o armamento.
A vítima foi socorrida por vizinhos, mas morreu ao dar
entrada no hospital. Os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados e
fazem trabalhos internos. Um inquérito administrativo foi aberto para
investigar a conduta dos PMs.
Para o presidente da Associação de Cabos e Soldados do
Espírito Santo, a atitude do agente foi "correta" e que o policial
não agiu com excesso "em nenhum momento". O homem baleado, de 24
anos, foi chamado de "traficante". Segundo a família do rapaz, ele já
teria tido envolvimento com a criminalidade, mas há três anos trabalhava como
ajudante de pedreiro e carteira assinada.
"Dois anos trabalhando no mesmo lugar. O patrão dele
amava ele. Semana que vem o salário dele iria aumentar, tinha mudado dali por
causa do tráfico de drogas intenso. Porque ele é preto, aí eles querem falar
que é bandido. Foi isso o que aconteceu", lamentou uma pessoa não
identificada. A associação nega essa versão e diz que o jovem atuava no tráfico
local.
No mesmo dia do disparo fatal, um outro jovem, de 23 anos,
teria sido baleado pelos mesmos policiais. A vítima, que trabalha como
barbeiro, foi atingida na perna quando tentava socorrer o rapaz.