Josicleia foi solta após audiência de custódia; ela diz que agiu para se defender
A grávida de cinco meses presa pela morte do marido em
Tancredo Neves falou nesta quinta-feira (19) sobre o crime, reafirmando que
agiu para se defender e dizendo que não tinha intenção de tirar a vida
de Lucas Santos de Souza. Josicleia foi liberada após audiência de
custódia. Ela diz que espera que a família de Lucas possa perdoá-la um dia, mas
que estava se defendendo de agressões do companheiro na noite do domingo (15),
quando o atingiu com uma facada.
"Ia fazer o que, eu ia esperar ele me matar? Poderia ser
o contrário, poderia estar agora a minha família chorando por mim, porque do jeito
que ele estava transtornado ele ia me matar e matar meu filho. Foi uma defesa,
mas não para tirar a vida dele, jamais, Deus sabe. Espero que um dia família
dele possa me perdoar, Deus possa me perdoar por tudo isso. Se eu pudesse
voltar atrás eu teria me separado antes porque aí ele não tinha perdido a vida
nem eu estaria sofrendo dessa forma", disse ela em entrevista à TV Bahia.
Lucas ainda chegou a ser socorrido para o Hospital Roberto
Santos, onde morreu na segunda-feira (16) em decorrência do ferimento
causado pela facada.
Josicleia contou que a relação com Lucas era tranquila
durante a semana, mas no final de semana ele se transformava com consumo de
bebida e outras substâncias. "Quando chegava no final de semana, que ele
queria beber, acabei descobrindo que ele usava drogas, aí ele ficava nervoso.
No sábado ele já me tratou um pouco mal, a ponto de eu me sentir mal e ir na
emergência", conta.
No domingo, Lucas pediu desculpas e os dois foram para a casa
da mãe dele. De lá, ele foi para uma festa de partido alto, onde Josicleia foi
encontrá-lo depois. "A gente encontrou alguns amigos, ele bebeu bastante.
Ele encontrou umas amizades, ia no banheiro, voltava, acredito que tenha usado
alguma coisa, não tenho certeza. Foi isso que fez ele transformar de comportamento.
Começou a me tratar mal", relembra a mulher.
Depois da festa, os dois foram até o final de linha de
Tancredo Neves para comprar lanches. Lá, acontecia um paredão e Josicleia não
quis ficar. "Ele acabou indo. No meio do caminho ele disse 'Não me fale
nada não, se não você vai ver'. Já transformando o comportamento, bebida na
mente, já estava diferente", diz.
Ao entrar em casa, a briga começou. "Falei que ia tomar
banho, tentei evitar, fui até a cozinha, botei os dois lanches da gente na
sanduicheira. Eu ia cortar o lanche para comer metade e aí ele começou a
discutir. Cheguei a comentar da seguinte forma: 'Você já começou sua crise de
abstinência'. E foi nessa hora que ele começou a me agredir, me encurralou, me
agrediu. Estou com vários hematomas no corpo", acrescenta Josicleia.
Ela conta que em nenhum momento teve a intenção de matar
Lucas e todas suas ações foram para se defender, especialmente por conta da
gestação. "Por eu estar grávida, agora ser mãe, meu primeiro filho, só
pensava em proteger minha barriga, me proteger. Foi em cima de mim, me
machucou, me jogou no chão, estava transtornado. Poderia ter acontecido alguma
coisa comigo, poderia ter perdido meu filho, poderia ter morrido ali, porque
ele foi muito violento comigo, não reconheci ele", diz.
Durante a luta corporal, Lucas foi atingido. Josicleia diz
que na hora nem percebeu, só notando o ferimento do companheiro depois que saiu
do banheiro e viu a camisa dele toda ensanguentada. "Quando vi ele estava
sangrando, entrei em desespero. Ele sentou no chão, eu rasguei a camisa dele e
vi um corte grande, entrei em desespero, botei a mão na cabeça, 'Meu amor me
perdoe, isso não era para acontecer'. Botei uma toalha, uma vizinha ouviu minha
voz e foi oferecer ajuda", conta.
Até esse momento, Lucas conseguia andar e estava consciente,
mas depois começou a se sentir enfraquecido e passou a suar frio. Josicleia
pediu ajuda para socorrê-lo. Ela conta que os dias têm sido difíceis.
"Espero que todos que estão me julgando, sei que não é
fácil, porque um óbito é difícil, eu não tive intenção nenhuma, to sofrendo
também, to também no luto em relação a ele porque eu gostava dele", diz.
"Eu to mal, muito mal. Foi uma fatalidade, não tinha intenção nenhuma de
tirar a vida dele, queria criar meu filho com ele, queria que a gente vivesse e
ficasse bem. Mas a questão é que eu passei muitas situações de agressão com
ele, então foi para me proteger".
Ao ser solta, Josicleia foi recebida com palmas e gritos de
"guerreira". Confira:
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