Fontes especializadas e uma astrônoma consultadas pela AFP garantem que não estão previstos efeitos significativos no clima ou saúde no Planeta
Publicações nas redes sociais alertavam, em abril de 2022,
que o 'fenômeno afélio', quando a Terra está mais distante do Sol, estaria
prestes a começar.
De acordo com as mensagens, o evento teria como consequência
baixas temperaturas e efeitos negativos na saúde humana. No entanto, o próximo
afélio ocorrerá em 4 de julho de 2022 e não são previstos efeitos
significativos no clima ou na relação com a saúde das pessoas, segundo fontes
especializadas e uma astrônoma consultada pela AFP.
‘A partir de amanhã, às 05h27, vivenciaremos o FENÔMENO
APHELION, onde a Terra estará muito distante do Sol. Não podemos ver o
fenômeno, mas podemos sentir seu impacto. Isso vai durar até agosto.
Teremos um clima frio mais do que o clima frio anterior, o que afetará a gripe,
tosse, falta de ar, etc.', dizem publicações compartilhadas no Facebook majoritariamente em abril de 2022.
O texto, que também circula em inglês e espanhol, continua:
'A distância da Terra ao Sol é de 5 minutos-luz ou 90.000.000
km. O fenômeno do afélio a 152.000.000 km. 66% a mais. Assim, o ar
fica mais frio e o impacto no corpo não é bom porque ele não está acostumado
com essa temperatura'.
O afélio, também conhecido como 'aphelion', é o fenômeno
astronômico que ocorre nos anos em que a Terra está mais distante do Sol.
Segundo a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, ele não ocorrerá
'amanhã', como sugerem as publicações virais, mas no início de julho.
De acordo com informações do site do Planetário de Montevidéu, o próximo afélio acontecerá em 4 de julho de 2022 às 4h10 locais (7h10 GMT), com uma distância entre os dois corpos astronômicos de 152.098.455 quilômetros, quando em média a distância é 150.000.000 quilômetros, o que equivale a 8,3 minutos-luz ou a uma unidade astronômica.
Isso ocorre porque o caminho da Terra ao redor do Sol é
elíptico e não circular, por isso há momentos em que nosso planeta está mais
longe do Sol e outros mais próximos (periélio), explica o site.
No entanto, a distância entre nosso planeta e o Sol 'varia
muito pouco' e a diferença entre o afélio e o periélio não ultrapassa 3%,
explicou à AFP Andrea Sánchez, doutora em astronomia pela Universidade da
República, no Uruguai.
Além disso, esse fenômeno não tem 'absolutamente nenhuma'
relação com o clima ou com consequências prejudiciais para a saúde humana,
afirmou a astrônoma:
'Todo ano passamos pelo afélio' e 'uma confusão muito comum
[que as pessoas têm] é que [acreditam que] as estações são determinadas pela
distância Sol-Terra, e não são', acrescentou.
Sánchez explicou que a mudança das temperaturas durante as
estações do ano se deve ao fato de que o eixo de rotação da Terra é inclinado e
'isso determina que em uma determinada estação o Hemisfério Sul receba mais
radiação solar, e em outra, o Hemisfério Norte'. No entanto, observou que há
mais fatores que afetam a variação do clima, 'não apenas a distância para o
Sol'.