Por volta das 21h15, presos do presídio Pedrolino Werling de Oliveira começaram a sacudir as grades, vaiar e xingar Giovanni Quintella.
O médico Giovanni Quintella Bezerra foi levado algemado da Deam de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na manhã de segunda-feira (11) — Foto: Reprodução/ TV Globo
Momentos de tensão cercaram a chegada do médico
anestesista Giovanni Quintella Bezerra a Bangu 8, no Complexo
de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, na noite desta terça-feira (12). Após
audiência de custódia, também nesta terça, ele foi transferido para o local
para cumprir sua prisão preventiva.
Segundo apurou a TV Globo, por volta das 21h15, quando chegou
ao local, detentos do presídio Pedrolino Werling de Oliveira, o Bangu 8,
começaram a sacudir as grades, vaiar e xingar o anestesista, como forma de
protesto.
Giovanni Quintella foi enviado para o local por ser a cadeia
que recebe presos com curso superior, mas ainda assim ficará em uma cela
sozinho.
Além de ter sido filmado estuprando uma mulher na mesa
de parto, ele é investigado por mais cinco possíveis atos como este
cometidos no nas unidades em que trabalhou, entre elas o Hospital da Mulher
Heloneida Studart, em São João de Meriti.
Prisão preventiva foi decretada
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31
anos, teve sua prisão convertida de flagrante para preventiva nesta terça-feira
(12). O médico foi preso pelo estupro de uma mulher na hora do parto, e a
delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher, investiga se há
pelo menos mais cinco vítimas.
Ele passou por audiência de de custódia realizada na cadeia
pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, para onde foi
levado no fim da tarde da segunda-feira (11).
“A gravidade da conduta é extremamente acentuada.
Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer
a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de
toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a
presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante
ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição
sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que
ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade
de resistir”, afirmou a juíza Rachel Assad.
A magistrada destacou ainda o trauma gerado para a vítima.
“Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava luz ao
seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o
custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha
sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento de seu filho será marcado pelo
trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em
todos os aniversários”, completou.
Com a mudança do status da prisão, o médico ficará preso por
tempo indeterminado, tendo sua situação reavaliada se ultrapassar 90
dias. Neste tempo, o inquérito policial poderá ser concluído e entregue ao
Ministério Público que decidirá pela denúncia ou não, e pela manutenção da
prisão.
O caso
Um grupo de funcionários do Hospital da Mulher Heloneida
Studart desconfiou do comportamento do médico e decidiu gravar a terceira
cesárea para qual o anestesista Giovanni estava escalado no domingo (10) depois
de notar, nas duas cirurgias anteriores, um comportamento estranho dele.
Uma das funcionárias relatou à polícia que: “Giovanni ficava
sempre à frente do pescoço e da cabeça da paciente, obstruindo o campo de visão
de qualquer pessoa” na sala de cirurgia.
Ela e outros funcionários pegaram um celular e o posicionaram
em um armário com portas de vidro, mas não acompanharam o procedimento e só
viram o flagrante quando pegaram o telefone — razão pela qual não puderam
interromper o crime.
A funcionária também contou, em depoimento, que o anestesista
sedava “de maneira demasiada” e que “as pacientes nem sequer conseguiam segurar
os seus bebês” após o parto.
Na segunda operação do domingo, segundo a funcionária,
“Giovanni usou um capote aberto nele próprio, alargando sua silhueta, e se
posicionou de uma maneira que também impedia que qualquer pessoa pudesse ver a
paciente do pescoço para cima”.
“Giovanni, ainda posicionado na direção do pescoço e da
cabeça da paciente, iniciou, com o braço esquerdo curvado, movimentos lentos
para frente e para trás”, disse a testemunha.
“Pelo movimento e pela curvatura do braço, pareceu que estava
segurando a cabeça da paciente em direção à sua região pélvica.”
No vídeo do flagrante, a paciente está deitada na maca,
inconsciente. Do lado esquerdo do lençol, a equipe cirúrgica do hospital começa
a cesariana. Enquanto isso, do lado direito do lençol, a menos de um metro de
distância dos colegas, Giovanni abre o zíper da calça, puxa o pênis para fora e
o introduz na boca da grávida.
A violência durou 10 minutos. Enquanto abusa da gestante, o
anestesista tenta se movimentar pouco para que ninguém na sala perceba. Quando
termina, ele pega um lenço de papel e limpa a vítima para esconder os vestígios
do crime.
“As pacientes [do anestesista Giovanni] ficavam complemente
fora de si. Quando eram cuidadas por outro anestesista, jamais ficavam dessa
maneira”, disse a funcionária.
A polícia agora vai tentar descobrir outras possíveis vítimas
do anestesista.
Quem é o anestesista Giovanni
Giovanni atuou em pelo menos 10 hospitais públicos e
privados, segundo o próprio. O preso tem 32 anos e se formou em 2017 pelo
Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), no Sul Fluminense, . Ele
concluiu a especialização em anestesia no início de abril.
Vaidoso, postava fotos com vestimentas das unidades e chegou
a publicar um “Vocês ainda vão ouvir falar de mim, esperem”. Em outra postagem,
Giovanni afirmou fazer o que gosta: “Estou aqui colhendo os frutos”.
Mas o comportamento estranho do médico chamou a atenção das
mulheres da equipe do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles.
Elas começaram a estranhar a quantidade de sedativo que o anestesista aplicava
e a forma como ele se movimentava atrás do lençol que separava a equipe.
O médico demonstrou surpresa ao receber voz de prisão da
delegada Bárbara Lomba e ao tomar conhecimento de que tinha sido gravado
abusando da paciente. O anestesista Giovanni foi indiciado por estupro de
vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.
A defesa do anestesista afirmou que ainda não obteve acesso
na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a
lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informou também que, após
ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação.
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