Horas antes de ser preso, Ivan Rejane Fonte Boa Pinto fez
novas ameaças ao STF (Supremo Tribunal Federal) e desafiou o ministro Alexandre
de Moraes. O homem teve prisão temporária decretada após dizer que iria
"caçar" integrantes do tribunal e lideranças de esquerda, como o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pinto foi detido na manhã desta sexta-feira (22), pela
Polícia Federal, em Belo Horizonte. Além da prisão temporária, de cinco dias,
Moraes autorizou a PF (Polícia Federal) a fazer buscas em dois endereços
ligados a Ivan, um em Belo Horizonte e outro em Esmeraldas (MG), na região
metropolitana da capital mineira.
Em um vídeo publicado no YouTube por volta das 7 horas, ele
aparece "convocando" a população brasileira a "ir para dentro do
STF, sim". Em outro trecho, ele diz ser um general e chama Moraes de
"vagabundo". O vídeo termina com um gesto de continência militar.
"São os bandidos que tiraram 'tecnicamente' as
condenações do Lula pra tentar fraudar as eleições. Nós temos que estar muito
cientes disso. Querem fraudar as eleições. E vão conseguir uma guerra civil
neste país. Eu sou um general. Pra esse vagabundo aí que pediu pra me prender,
vem aqui me prender você. Vem aqui, tchutchuca (sic). Moleques como você eu
como antes do café da manhã, no pré-treino", diz Pinto.
Em abril do ano passado, por 8 votos a 3, o STF manteve a
decisão do ministro Edson Fachin que anulou as duas condenações contra o
ex-presidente Lula, proferidas pela Justiça Federal do Paraná. Com isso, Lula
deixou de ser ficha-suja, o que lhe permite disputar eleições novamente.
Além disso, diferentemente do que ele diz, nunca houve
comprovação de fraude nas eleições brasileiras desde que as urnas eletrônicas
foram implementadas - parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de
2000. A segurança da votação é constatada pelo TSE, pelo MPE (Ministério
Público Eleitoral) e por estudos independentes.
Até por volta de 15h30, o vídeo tinha cerca de 3.300
visualizações. Entre os mais de 600 comentários, muitos ironizavam a prisão,
enquanto outros defendiam o homem que se identifica nas redes sociais como
"Terapeuta Ivan" ou "Terapeuta Papo Reto".
Na publicação, o simpatizante do presidente Jair Bolsonaro
(PL) ainda incita a violência contra outros ministros do Supremo e os chama de
"bandidos". Em um outro trecho Ivan diz que "essas tchuchucas
(sic) do PT estão em desespero" porque, segundo ele, sabem que a direita
vai "fazer o maior 7 de Setembro da história".
Entenda a prisão
Ivan foi preso por ordem de Alexandre de Moraes, do STF. Em
um dos vídeos publicados por ele, o homem cita o feriado de 7 de Setembro e
profere ameaças aos ministros do STF, ao ex-presidente Lula, à presidente do
PT, Gleisi Hoffmann e ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ).
O pedido de prisão temporária foi feito pela própria PF, que
alertou Moraes para o risco de Ivan promover "ações violentas"
diretamente ou com a adesão de voluntários, "mediante inclusive a 'luta
armada'", com o objetivo de destituir os ministros de suas funções.
Em decisão, o ministro relembra que a liberdade de expressão
não é escudo para a prática de discursos de ódio, antidemocráticos e ameaças e
agressões contra as instituições. Às pessoas próximas, o ministro tem dito que
ameaças e ataques como os proferidos por Ivan não serão tolerados e que
acompanha de perto as movimentações para o feriado.
Ao autorizar a prisão de Ivan, Moraes manda um recado a
grupos extremistas que planejam atos para o feriado de 7 de Setembro.
Liberdade de expressão não é Liberdade de agressão! Liberdade
de expressão não é Liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da
dignidade e honra alheias! Liberdade de expressão não é Liberdade de propagação
de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!
Alexandre de Moraes, ministro do
Supremo Tribunal Federal
Moraes também mandou o Twitter, Facebook e Youtube bloquearem
os perfis de Ivan em suas plataformas e determinou ao Telegram que suspenda o
canal usado por Ivan, preservando seu conteúdo.
Em nota, o Youtube disse que não iria se manifestar. "O
processo é confidencial", disse. A reportagem entrou em contato com demais
as plataformas e aguarda manifestação.
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