Tabus em relação às fezes e à evacuação dificultam diagnóstico deste tipo de tumor. Em caso de alterações, é importante investigar causas
O câncer colorretal ou de intestino é um dos tipos mais
comuns no Brasil e acomete cerca de 41 mil brasileiros a cada ano. Apesar de
ser tratável, a doença ainda é pouco diagnosticada em seu estágio inicial, o
que contribui para maior taxa de letalidade dos casos.
A formação de um tumor no intestino costuma resultar em
mudanças no funcionamento do órgão por isso é muito importante alterações como
sangue nas fezes ou na frequência de evacuação – como, por exemplo, alternância
de diarreias com episódios de constipação – devem ser investigadas.
Um dos fatores que dificultam o diagnóstico precoce do câncer
intestinal é a vergonha de procurar um especialista para contar sobre problemas
no sistema excretor. Outro é o diagnóstico errado, quando os sintomas são
atribuídos a problemas como hemorroidas e verminoses.
Na Inglaterra, a jornalista e apresentadora de TV
Deborah James, que faleceu na semana passada, vinha tentando quebrar esse tabu
há seis anos, quando foi diagnosticada com um tumor no intestino. Ela lançou a
campanha “Verifique o seu cocô – isso pode salvar sua vida” para que as pessoas
adquirissem o hábito de desconfiar deste tipo de sintomas.
Veja quais são os principais alertas do corpo para o câncer
colorretal ou de intestino, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca):
1. Sangue nas fezes
A presença de sangue nas fezes muitas vezes não é um sinal de
câncer, mas é preciso ficar atento. A persistência do sintoma pode ajudar a
identificar a presença da doença meses antes de seu avanço. Há ainda a
possibilidade de haver sangue oculto, mais frequente em pessoas com mais de 50
anos. Nesse caso, para detectá-lo, é necessário realizar exames laboratoriais.
2. Mudanças nos hábitos intestinais
Prisão de ventre e diarreias alternadas podem ser outro
sintoma precoce do câncer de intestino, segundo o Instituto Nacional de Câncer.
Esteja sempre alerta a respeito de mudanças nas idas ao banheiro, seja em
relação à frequência ou ao tipo de fezes excretadas. Não tenha vergonha de
procurar um médico para verificar a saúde intestinal.
3. Dores abdominais
Se você sente dores abdominais frequentes, esse é outro
alerta para um possível estágio inicial do câncer colorretal. Gases e cólicas
incessantes estão vinculados às alterações causadas por tumor, assim como a
sensação de um “caroço” na região do ventre.
4. Fraqueza excessiva
A sensação de cansaço contínua, a fraqueza do corpo e a falta
de ar são outros possíveis sintomas precoces de câncer intestinal. Pacientes
com esse tipo da doença podem desenvolver anemia, que consiste na diminuição
das células vermelhas e, por isso, apresentarem cansaço além do normal.
5. Perda de peso repentina
A perda de peso sem dieta pode indicar desregulação no trato
intestinal. Esse sintoma pode parecer decorrente de outros fatores, como
estresse e alimentação inadequada, mas é preocupante caso a mudança seja
drástica e haja uma diminuição rápida de quilos na balança. O sinal pode
indicar, também, outros tipos de câncer, como no pâncreas, no esôfago, no
estômago e nos pulmões.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para tumores malignos no
intestino são hábitos cotidianos como alimentação pobre em frutas, vegetais e
outras fontes de fibras; consumo frequente de carnes processadas, como
salsicha, linguiça, presunto e mortadela e ingestão excessiva de carnes
vermelhas.
Fumantes e pessoas acima de 50 anos, ou com sobrepeso ou
histórico de câncer na família também devem estar atentos e realizar exames de
fezes periodicamente.
De acordo com o Inca, a exposição ocupacional à radiação
ionizante, como aos raios X e gama, pode aumentar o risco para câncer de cólon.
Assim, profissionais do ramo da radiologia devem estar mais atentos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do câncer colorretal só pode ser feito por
profissionais, a partir de biópsia, exame no qual um pequeno pedaço de tecido é
retirado da lesão suspeita.
O tratamento pode ser feito com cirurgia para retirada da
parte do intestino afetada, bem como radioterapia, que pode ou não ser
acompanhada de quimioterapia.