A economista Daniella Marques Consentino tomou posse nesta terça-feira (5) (Crédito: Fabio Pozzebom / Agência Brasil ) |
A economista Daniella Marques Consentino tomou posse
nesta terça-feira (5) como presidente da Caixa Econômica Federal. Daniella
já havia sido eleita pelo Comitê de Elegibilidade do banco estatal na semana
passada. A cerimônia ocorreu na sede nacional da empresa, em Brasília, e contou
com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Economia,
Paulo Guedes, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e de
diversas autoridades.
Ex-secretária especial de Produtividade e Competitividade do
Ministério da Economia, a economista substituirá Pedro Guimarães, que pediu
demissão na quarta-feira (29), após denúncias de assédio sexual que estão
sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério
Público do Trabalho (MPT). Ele negou as acusações na carta de renúncia.
Diálogo
Em coletiva de imprensa, após assumir o cargo, a nova
presidente da Caixa reforçou o compromisso de abrir um canal de diálogo com
focos nas mulheres que trabalham na empresa.
“Estou abrindo hoje um canal de diálogo com os
empregados, o Diálogo Seguro Caixa. Vai ser um canal de diálogo aberto
exclusivamente para as mulheres, nos próximos 30 dias, onde todas as mulheres –
e são 35 mil que trabalham na Caixa – serão acolhidas, ouvidas,
protegidas, para que eu entenda um pouco e me aprofunde em cima dos indícios
que estão sendo apresentados”, afirmou.
Além disso, a executiva destacou a aprovação, pelo Conselho
de Administração do banco, de um plano de ação que envolve a revisão de todas
as políticas de integridade, prevenção de assédio, assim como a estrutura de
governança de risco, a Ouvidoria e Corregedoria da Caixa. “É natural que os
processos sejam revisados, aprimorados e aprofundados e é isso que a gente vai
fazer”.
Daniella Consentino também confirmou que trocará todos os 26 cargos de consultoria estratégica que estão diretamente ligados à presidência da Caixa. Desses, seis já deixaram o cargo, incluindo o chefe de gabinete. Além destes postos, dois vice-presidentes também foram afastados nos últimos dias. Uma empresa de consultoria externa também será contratada para atuar na investigação das denúncias de assédio dentro da empresa. Daniella informou que ainda não há previsão de quando o trabalho de apuração será concluído.
Crédito para mulheres
A nova presidente da Caixa anunciou que, além das medidas
internas, deve promover um programa de combate e prevenção ao assédio e à
violência doméstica e de estímulo ao empreendedorismo feminino para os 148
milhões de clientes do banco, que é o principal operador dos programas sociais
do governo federal, como o Auxílio Brasil.
“A gente vai bancar a causa das mulheres, queremos ser o
grande promoter desta causa, atuar com afinco para proteger e
promover mulheres. Hoje, a mulher é dona de 80% das decisões de consumo e
só 20% do crédito, e a gente quer dar conta, com toda nossa estrutura de rede,
apoiando e protegendo as mulheres em todas as dimensões”, observou. Terceira
maior instituição financeira do país, a Caixa está presente em mais de 5 mil
municípios, com 14 mil agências e cerca de 27 mil postos físicos de atendimento.
Pequenos negócios
Daniella Consentino afirmou que pretende seguir desenvolvendo
a plataforma de microcrédito da Caixa, com foco em financiamento de pequenas
empresas e microempreendedores.
“Esse é um foco estratégico nosso, estar perto dos micro e
pequenos empresários, dos microempreendedores individuais. Está vindo agora a
renovação dos fundos garantidores da União, de até R$ 90 bilhões em crédito,
não para micro e pequenas empresas, mas também para MEIs [microempreendedores
individuais], e a gente pretende fazer um trabalho muito forte de difusão e
operação desse fundos.”
Privatização
Questionada, a presidente do banco afirmou que não há nenhuma
orientação de privatização da Caixa, e que isso não é objeto nem de
discussão neste momento. A venda de ativos, incluindo a plataforma de
bancarização digital Caixa TEM, também não está no radar da economista.
“Ao longo desse processo de ‘bancarização’, de tanta gente no
pagamento e operação do Auxílio Emergência, foi desenvolvido junto um banco
digital, que obviamente tem muito valor, mas ainda preciso me reunir com a
governança do banco, vou respeitar os ritos de governança do banco para saber
se gera valor para Caixa ou não estar desinvestindo, mas não é algo que está em
discussão neste momento. Nem a privatização da Caixa nem a venda de algum
ativo”, assegurou.
Perfil
No governo desde janeiro de 2019, Danielle Consentino foi
chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da
Economia. Uma das principais auxiliares do ministro Paulo Guedes, ela assumiu a
Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade no início do ano.
Com formação em administração de empresas pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a nova presidente
da Caixa tem MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais
(Ibmec) e uma carreira no mercado financeiro. Foi diretora-executiva da Oren
Investimentos e diretora de Risco e Compliance, sócia e gestora de Renda
Variável da Mercatto Investimentos. Antes de entrar no governo, foi sócia do
ministro Guedes na Bozano Investimentos, onde foi diretora de Compliance e
Operações e Financeiras.