Proposta permite a criação de benefícios a caminhoneiros e amplia Auxílio Brasil e Auxílio Gás; custo é estimado em R$ 41,2 bilhões
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (12) o
primeiro turno da proposta de emenda à Constituição (PEC) que autoriza o
governo federal a gastar R$ 41,2 milhões em prol de benefícios sociais até o
fim de 2022. A matéria, entre outros pontos, cria subsídios financeiros a
caminhoneiros e taxistas e aumenta o Auxílio Brasil e o Auxílio Gás. A PEC
ainda será votada em segundo turno pelos deputados.
A proposta deveria ter sido votada pela Câmara na semana
passada, mas a análise foi adiada por falta de quórum. O presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), não quis colocar o texto em votação por receio de a PEC
não atingir o mínimo de 308 votos a favor para ser aprovada.
Nesta terça, antes da análise da PEC, Lira anunciou
que o sistema remoto de votação passava por instabilidades e cobrou a
presença física dos deputados no plenário para evitar um novo adiamento da
matéria. Com a votação já em andamento, o deputado explicou que duas empresas
que fornecem internet à Câmara derrubaram os servidores. Ele prometeu acionar a
Polícia Federal e o Ministério da Justiça e Segurança Pública para pedir uma
investigação.
A proposta aprovada prevê a instituição de um auxílio mensal
aos caminhoneiros no valor de R$ 1 mil, a ser pago entre julho e dezembro deste
ano a quase 900 mil profissionais. Os gastos com o benefício serão de R$ 5,4
bilhões.
Já o auxílio aos taxistas deve custar R$ 2 bilhões e também
será concedido de julho a dezembro. A PEC, contudo, não estabeleceu um valor
fixo a ser repassado a cada taxista e nem quantas pessoas serão contempladas.
Caberá ao governo federal definir o total de beneficiários e quanto eles
receberão.
O Auxílio Brasil passará dos atuais R$ 400 para R$ 600, o que
deve representar um custo de R$ 26 bilhões. O novo valor será pago entre agosto
e dezembro. De acordo com a PEC, o governo precisará zerar a fila para
recebimento do benefício, o que vai ampliar o público-alvo da iniciativa para
19,8 milhões de famílias.
Além disso, a PEC dobra o valor do Auxílio Gás. Hoje, as
famílias atendidas pelo programa têm direito, a cada dois meses, a um valor
equivalente ao preço de meio botijão de gás de 13 kg. O auxílio será elevado
para o equivalente ao preço de um botijão de gás por bimestre. O novo valor
valerá de julho até o fim de 2022.
Veja outros pontos da PEC
Estado de emergência: na proposta, há a previsão de que seja reconhecido
estado de emergência no país durante o ano de 2022. Essa ferramenta é necessária
para que o auxílio aos caminhoneiros e aos taxistas possa ser pago, tendo em
vista que a legislação eleitoral proíbe a criação de benefícios em ano
eleitoral, a não ser que o país esteja sob estado de emergência.
Gratuidade dos idosos: repassar R$ 2,5 bilhões à União, estados, Distrito
Federal e municípios que dispõem de serviços de transporte público urbano e
metropolitano. O objetivo é minimizar as perdas das companhias em razão da
gratuidade da tarifa oferecida a passageiros com 60 anos ou mais, conforme
previsto no Estatuto do Idoso.
Alimenta Brasil: previsão de uma suplementação de R$ 500 milhões ao
programa, que tem como finalidade promover o acesso à alimentação e incentivar
a agricultura familiar. Para o alcance desses dois objetivos, o programa compra
comida produzida pela agricultura familiar, com dispensa de licitação, e a
destina a pessoas em situação de insegurança alimentar.
Compensação ao etanol: compensação financeira à cadeia produtiva do etanol na
ordem de R$ 3,8 bilhões, em cinco parcelas mensais de R$ 760 milhões entre
agosto e dezembro deste ano. O valor será repassado exclusivamente a estados
que outorgarem créditos tributários do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) aos produtores ou distribuidores de etanol hidratado em seu
território.
Biocombustíveis: como a proposta foi anexada à PEC dos Biocombustíveis,
a matéria também prevê benefícios tributários a esses combustíveis. A ideia é
garantir maior competitividade, por exemplo, ao etanol, diante dos combustíveis
fósseis, como a gasolina.
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