A informação foi dada em uma reunião do banco com analistas
do BTG e Goldman Sachs; público-alvo são beneficiários do INSS e servidores
públicos
O Nubank pretende começar a oferecer crédito consignado para
beneficiários do INSS e servidores públicos ainda este ano. A informação foi
dada em uma reunião do banco com analistas do BTG e Goldman Sachs. A ideia é
escalar o produto de maneira mais substancial no próximo ano e a instituição já
assinou os contratos necessários com os órgãos federais para operar o produto.
“O Nubank tem trabalhado em vários novos produtos, desde
investimentos a seguros e soluções de BNPL (‘buy now, pay later’, o crediário
digital). Um de seus principais focos no momento é se consolidar como vencedor
de longo prazo nos produtos que atualmente oferece no Brasil. Também está muito
focado no lançamento do produto de crédito consignado até o fim do ano”, diz o
relatório do BTG, após reunião com Jörg Friedemann, novo executivo de relações
com investidores do Nubank.
“A expectativa de lançamento de novos produtos (crédito
consignado, antecipação do FGTS e empréstimos garantidos por investimentos)
devem sustentar a próxima fase de crescimento”, diz o Goldman Sachs.
O BTG aponta que o principal assunto da reunião foi a
qualidade dos ativos, mas que Friedemann reforçou a confiança do Nubank de que
pode se sair melhor que a média de mercado e que está bem provisionado. Já na
parte de banco digital, o “nome do jogo” é eficiência, com o banco se
beneficiando de seus custos estruturalmente menores, como custo de aquisição de
clientes (CAC), custo de servir (CTS), custo de funding e custo de risco.
Para o BTG, apesar da recente desaceleração, o Nubank
continua vendo muito espaço para aumentar sua carteira de crédito. Atualmente,
a empresa não vê nenhum problema relacionado a produtos afetando seu
crescimento do crédito ou problemas com falta de financiamento/demanda (pelo
contrário). “Na verdade, o principal gargalo é o apetite de risco do Nubank,
pois recentemente decidiu limitar a originação de empréstimo pessoal a cerca de
R$ 5 bilhões por trimestre, devido ao ciclo de crédito mais desafiador. Esse
teto deve continuar no curto ptazo, dependendo das condições macroeconômicas, é
claro”, diz o relatório.
O Nubank acredita que a inadimplência continuará subindo nos
próximos trimestres, mas diz que o mais interessante é olhar para o indicador
de curto prazo (15 a 90 dias), que deve ficar estável.
O BTG diz ainda que a mudança na remuneração da conta no
Nubank deve reduzir os custos de funding, atualmente em 93% do CDI. Friedemann
não acredita que isso vá chegar ao nível dos bancos tradicionais, de 60% a 65%,
mas deve ficar em algum patamar no meio do caminho. Segundo o executivo, uma
redução no custo de funding pode começar a ser observada já no quarto
trimestre. O banco também espera lançar sua conta digital no México e Colômbia
entre o fim deste ano e início do próximo.
O Goldman Sachs diz que atualizou suas estimativas para
Nubank após os resultados do segundo trimestre, aumentando o lucro líquido
recorrente de 2022 em 23% (para US$ 112 milhões), de 2023 em 9% (para US$ 490
milhões) e de 2024 em 3% (para US$ 1,7 bilhão). “Esperamos que a empresa
desfrute os efeitos da reprecificação de crédito e menores custos de depósito
principalmente em 2023, o que deve impulsionar a expansão da margem financeira.
As receitas de tarifas devem continuar em grande parte impulsionadas pelo
crescimento do TPV [volumes processados] e pelas taxas de intercâmbio, mas
também podem se beneficiar de novas verticais, como investimentos e seguros.
Também assumimos maior alavancagem operacional em 2023, refletida em melhor
eficiência”.
O banco americano acredita que o retorno (ROE) do Nubank pode
subir rapidamente nos próximos anos, saindo de 2,4% em 2022 para 9,5% em 2023 e
26,7% em 2024, superando assim os grandes bancos tradicionais, que atualmente
apresentam rentabilidade pouco acima de 20%. Eles também apontam que o banco
deve desacelerar novas contratações nos próximos meses, o que ajudará a
melhorar a eficiência.
“Potenciais aquisições podem desbloquear novos produtos,
tecnologia e talentos - o que em alguns casos pode ser mais eficiente do que
construir internamente. Como o Nubank é uma das fintechs mais capitalizadas do
mundo, poderia se apoiar mais agressivamente em fusões e aquisições. Dito isso,
a empresa observou que não espera aquisições transformacionais, mas mais
complementares”, diz o Goldman.
O BTG afirma que é fã da história do Nubank e que o valuation
atual é bem mais razoável do que no IPO, mas ainda assim deixa pouco espaço
para erro, por isso mantém sua recomendação “neutra” para o papel, com
preço-alvo de US$ 4,50. Já o Goldman Sachs tem recomendação de “compra”, com
preço-alvo de US$ 11. Por volta das 15h05, as ações do Nubank caíam 0,61%, a
US$ 4,86.