Presidente estava em Curitiba, e um vídeo registrou o
momento; fontes da campanha afirmaram que se tratava de água
Durante uma motociata na tarde desta quarta-feira (31), em
Curitiba, um homem parece atirar um objeto contra o presidente Jair Bolsonaro
(PL). Imagens registradas por um fotógrafo da região mostram o momento em que o
chefe do Executivo se assusta com o gesto. Fontes da campanha afirmaram ao
repórter Thiago Nolasco, da Record TV, que se tratava de água.
O presidente passa junto a outros motociclistas, com
batedores da Presidência ao lado. Um homem parece jogar algo em direção ao
chefe do Executivo. Bolsonaro, que está sem capacete, tenta proteger o rosto. O
vídeo, registrado pelo fotógrafo Chen NV, mostra que o presidente segue com a
moto, levando uma pessoa na parte de trás.
Bolsonaro está cumprindo compromissos de campanha no Paraná.
Ele também participa de eventos oficiais. A agenda prevê participações em atos
em Foz do Iguaçu e na capital, Curitiba. Pela manhã, ele compareceu a um
compromisso com o presidente do Paraguai, Mário Abdo Benítez, durante visita
técnica às obras da Ponte da Integração.
Para o advogado criminalista Nauê de Azevedo, se o homem de
fato atirou um objeto com potencial de machucar o presidente, ele pode ser
enquadrado em dois crimes. "Existe um crime de violência política,
previsto pelo artigo 359-P do Código Penal, e que consiste em restringir,
impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual ou psicológica,
o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional. A pena é prisão, entre três e
seis anos, e multa, além da correspondente à violência."
"Sobre a violência em si, será preciso entender a
motivação do sujeito que fez isso. Se não ficar demonstrada a intenção de impedir
exercício de direitos políticos, é cabível a tentativa de lesão corporal ou de
homicídio, caso o objeto realmente tenha capacidade de lesionar o alvo."
Facada
Em 2018, enquanto fazia campanha em Juiz de Fora (MG), Jair
Bolsonaro levou uma facada na barriga. O autor, Adélio Bispo, está preso.
Em novembro de 2021, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF-1) decidiu derrubar uma liminar que impedia a reabertura das investigações
sobre o episódio. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF)
analisam novas pistas sobre a participação de terceiros no crime. A
investigação havia sido arquivada pela Justiça Federal de Minas Gerais em
junho.
Na sessão de julgamento, os desembargadores do TRF-1
derrubaram uma liminar que proibia, entre outros pontos, a quebra do sigilo
bancário do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que se apresentou, em um
primeiro momento, como advogado de Adélio Bispo.
O tribunal entendeu que os atos investigatórios autorizados
contra o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior e pessoas jurídicas das
quais ele é sócio não constituem violação ao sigilo profissional nem às
prerrogativas da advocacia.
Os mandados de busca e apreensão abrangem livros-caixa,
recibos e comprovantes de pagamento de honorários, bem como o aparelho
telefônico do advogado Zanone Júnior e imagens do circuito de segurança de um
hotel onde o advogado teria se encontrado com um suposto financiador da defesa
de Adélio Bispo.
O escritório de advocacia de Zanone não foi incluído no rol das
buscas justamente para a preservação do sigilo da atividade profissional do
advogado.
"Agora, as investigações da facada no presidente da
República poderão continuar. Serão analisados os dados de todos aqueles
advogados, e vamos saber quem pagou aos advogados", afirmou Frederick
Wassef, advogado de Bolsonaro, em coletiva à imprensa na ocasião.
Embora a Polícia Federal tenha concluído que não houve
mandantes no atentado e que Adélio agiu sozinho, Bolsonaro alega que deveria
ser apurado o pagamento de honorários dos advogados do autor do crime, já que
ele não teria dinheiro para contratar defensores.
Em junho, apesar do arquivamento, o juiz Bruno Savino, da 3ª
Vara Federal de Juiz de Fora, determinou que as investigações pudessem ser
reabertas na eventualidade de surgirem novas provas ou serem autorizadas
diligências pendentes, como a quebra de sigilo do advogado que se apresentou
para fazer a defesa de Adélio após o ataque.