Grupo de 131 delegados da PF protocolou notícia-crime contra Moraes no caso da operação contra empresários bolsonaristas acusados de golpe
Um grupo de delegados da Polícia Federal protocolou, no
Ministério Público Federal (MPF), notícia-crime contra o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o delegado Fábio Alvarez Shor, da
Diretoria de Inteligência da PF. Os 131 investigadores pedem a instauração de
inquérito policial para apurar possíveis crimes de abuso de autoridade durante
a deflagração da operação contra oito empresários bolsonaristas que
participavam de um grupo de WhatsApp em que foi defendido um golpe de Estado
caso Luiz Inácio Lula da Silva saia vitorioso nas próximas eleições.
A operação da PF ocorreu após publicação do jornalista
Guilherme Amado, do Metrópoles, denunciando a defesa explícita de um golpe, por
parte de alguns empresários, no grupo de WhatsApp Empresários & Política,
criado no ano passado. As trocas de mensagens foram acompanhadas ao longo de
meses. À época, Alexandre de Moraes determinou a tomada de depoimentos, a
quebra de sigilo bancário e o bloqueio das contas bancárias dos empresários e
dos perfis deles nas redes sociais.
Segundo a notícia-crime, endereçada ao procurador-geral da
República, Antônio Augusto Brandão de Aras, são “inacreditáveis as
fundamentações dos argumentos consignados pelo ministro Alexandre de Moraes
para enquadrar os oito empresários como sendo líderes de organização criminosa”.
“Inaceitável o argumento, quando é sabido que tentar contra o
Estado Democrático de Direito pressupõe violência ou grave ameaça (grifos),
como prevê o artigo 359-M do Código Penal. Ora, inexistiu a violência! Quanto à
grave ameaça, essa não saiu do campo da cogitação. Portanto, inexistente”,
escrevem os delegados.
Além disso, a representação dos 131 investigadores alega que
há “nítido caráter político-partidário” nas ações de Alexandre de Moraes. Em
razão disso, “os requerentes, ainda, solicitam que essa Procuradoria-Geral da
República adote as providências cabíveis, em face da possível suspeição do
ministro Alexandre de Moraes para o exercício de suas funções na presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por lhe faltar a imparcialidade necessária
para o exercício das atribuições inerentes ao cargo”.
A notícia-crime reforça, ainda, o suposto viés político da
operação. “Ocorre que parte das mencionadas medidas teriam sido solicitadas
pelo senador da República Randolfe Rodrigues (Rede), coordenador da campanha do
candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, e outros
representantes de um dos espectros do embate político nacional.”
Os delegados também pedem a anulação da investigação contra
os oito empresários. Sobre o delegado da PF Fábio Alvarez Shor, os policiais
alegam que “é inadmissível desconhecer que os ‘investigados’ não possuem foro
privilegiado”.
Procurado, o STF informou que não vai se manifestar sobre o
caso.
Siga nosso Instagram
0 Comentários