O novo comandante, Mikhail Mizintsev, foi um dos responsáveis
pelo cerco de Mariupol.
A Rússia anunciou, neste sábado (24), a substituição de seu
mais alto comandante militar para questões logísticas. Além disso, o presidente
Vladimir Putin assinou uma lei que endurece a pena de soldados que se recusarem
a combater (veja mais abaixo) . Os anúncios coincidem com um momento de
dificuldades para Moscou em sua tentativa de invadir a Ucrânia.
"O general Dmitri Bulgakov foi dispensado de suas
funções como vice-ministro da Defesa", informou o Ministério da Defesa em
um comunicado.
Bulgakov será substituído pelo coronel-general Mikhail
Mizintsev, que dirigia o Centro de Controle da Defesa Nacional e, a partir de
agora, assume como "responsável pelo fornecimento material e técnico das
Forças Armadas".
Prisão para soldados
A nova lei assinada por Putin neste sábado diz que os
soldados russos que se recusarem a lutar, desertar, desobedecer ou se render ao
inimigo podem agora enfrentar uma prisão de até 10 anos, informou a agência de
notícias AFP.
A lei já havia sido aprovada pelas casas do Parlamento
durante a semana.
Na última quarta-feira (21), o presidente russo anunciou a
convocação de cerca de 300 mil reservistas para lutarem nos fronts, em reação à
blitz de forças da Ucrânia que recuperou importantes territórios no leste do
país.
A decisão do Kremlin foi motivo de manifestações internas,
que foram reprimidas com mais de mil detenções. A procura por voos para o
exterior também aumentou consideravelmente, assim como surgiu uma extensa fila
de carros na fronteira entre a Rússia e a Geórgia. Segundo informações do
jornal inglês "The Guardian", a espera para concluir a travessia
podia durar até 20 horas.
Durante o discuso em que mobilizou suas tropas, Putin também
acenou para a possibilidade de utilização dos armamentos nucleares russos.
Vladimir Putin, durante pronunciamento em que anunciou a convocação de 300 mil reservistas, em 21 de setembro de 2022. — Foto: Reuters
"Isto não é um blefe", declarou. "Vários
representantes do alto escalão de países da Otan falam da possibilidade e
admissibilidade de usar armas de destruição em massa contra a Rússia. Falam até
de ameaça nuclear. Quero dizer a quem diz isso que nosso país possui uma
variedade de armas de destruição, algumas mais modernas até que as dos países
da Otan."
Manifestante russo é preso por protestos contra a invasão da Ucrânia — Foto: Denis Kaminev/Reuters
Quem é Mikhail Mizintsev?
General russo MIkhail Mizintsev durante evento em 2019 — Foto: CC BY 4.0/WikiCommons
Apelidado como açougueiro de Mariupol pela mídia ocidental,
Mizintsev, de 60 anos, ocupou vários cargos de alto escalão no Estado-Maior
durante sua carreira militar.
Ele é alvo de sanções ocidentais por seu papel no cerco de
Mariupol, uma cidade portuária no sudeste da Ucrânia conquistada em maio pelas
tropas russas.
Segundo o portal britânico "Independent", sua
carreira foi alavancada por suas funções em operações na Síria. Ele teria sido
um dos organizadores na "Batalha de Aleppo", um extenso combate que
durou de 2012 até 2016 e deixou mais de 30 mil mortos, segundo dados do centro
de documentações da Síria.
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