Para isso, segundo o ministro, a ideia é aprovar a tributação
de lucros e dividendos para financiar o programa
A prioridade do governo federal em caso de uma reeleição do
presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), no próximo domingo (30) será
garantir o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, disse nesta quinta-feira (27)
o ministro da Economia, Paulo Guedes.
"A prioridade absoluta é a garantia do Auxílio
Brasil", afirmou Guedes durante uma live da Suno Research. "Queremos
garantir esse programa, que é o maior programa de transferência de renda que já
foi feito e é três vezes maior do que o dos governos petistas."
A ideia, de acordo com o ministro, é aprovar a tributação de
lucros e dividendos para financiar o programa.
Guedes voltou a dizer que uma "tributação
moderada", em torno de 15%, renderia algo como R$ 60 bilhões e seria
suficiente para financiar o benefício.
Segundo Guedes, o governo vai avançar na reforma tributária,
como forma de garantir a taxação de lucros e dividendos.
O ministro ainda afirmou que o governo concederá aumentos do
salário mínimo acima da inflação em caso de reeleição do presidente.´
Teto de gastos
Guedes repetiu críticas ao teto de gastos e voltou a dizer
que a regra fiscal foi "muito mal construída". Durante a fala, ele
disse que o teto limitou a ação do governo durante a pandemia e que foi
necessário pedir ao Congresso Nacional uma licença extra para ampliar os gastos
em 2020.
"O teto foi muito mal construído. O teto era para não
deixar a chuva entrar, mas foi o contrário. Tinha um fogo, um incêndio dentro
da casa e não tinha chaminé para deixar a fumaça sair", disse o ministro.
Projeções
Guedes voltou a dizer que os economistas erraram as projeções
para a economia brasileira ao longo dos últimos quatro anos. De acordo com o
ministro, uma mudança técnica no modelo econômico do país explica alguns erros,
enquanto outros são fruto de "militância" ou "má-fé".
Segundo o ministro, os economistas esperavam um crescimento
zero para o PIB (produto interno bruto) brasileiro deste ano, ou uma
"recessão moderada" de 1,5%, mas a economia deve ter expansão próxima
de 3% em 2022. Guedes repetiu que o desempenho do Brasil tem superado o de
países desenvolvidos.
Bolsa
O ministro da Economia disse achar que a Bolsa vai
"subir bastante" na segunda-feira (31), em referência a uma
perspectiva de vitória do presidente Jair Bolsonaro no segundo turno. Em uma
mensagem para eleitores, Guedes pediu "um voto de confiança" da população
no governo e, sem citar nomes, tentou repetir as críticas da campanha de
Bolsonaro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), associando-o a uma
imagem de "ladrão".
"Querem roubar até o seu voto, inventando que nós vamos
baixar o salário mínimo", disse Guedes, sem mencionar o nome de Lula.
"O salário mínimo vai subir mais do que a inflação, a aposentadoria vai
subir mais do que a inflação, o salário do funcionalismo vai subir mais do que
a inflação, o Brasil vai crescer."
Também sem citar a campanha do petista, Guedes disse que
"todo dia falam mentiras" sobre as políticas públicas desenhadas pelo
governo. "Não deixe que mentiras roubem o seu voto", pediu.
Polarização
O ministro da Economia disse ainda que uma vitória do
presidente Jair Bolsonaro no segundo turno causaria o fim da polarização da
política brasileira. "Se Bolsonaro ganha essa eleição, o Lula se aposenta,
e a esquerda já é menor do que o Lula, porque o Lula ainda tem uma imagem
idílica do passado", disse Guedes. "A próxima eleição será de centro,
pacificada. Vai ser Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Romeu Zema, e acabou a
polarização no Brasil."
Guedes declarou que a eleição majoritária de partidos de
direita para o Congresso marcou um amadurecimento da opinião pública. De acordo
com o ministro, até 70% do Parlamento agora é dominado pela centro-direita,
enquanto seriam 70% de esquerda em 2018, quando Bolsonaro foi eleito.
Por isso, Guedes disse que uma vitória de Lula acabaria com o
"caminho da prosperidade" criado pelo governo Bolsonaro, já que o
ex-presidente teria de governar com o "aperto" de um Congresso
ideologicamente contrário a ele. "E depois o Bolsonaro volta para competir
com ele de novo", disse.
Segundo o ministro, esse "caminho da prosperidade"
envolve reduzir impostos e abrir a economia. Com isso, e considerando-se a
importância do Brasil como fornecedor de energia e alimentos para o mundo, o
ministro disse que o país pode estar entre as cinco maiores economias globais
nos próximos cinco a 15 anos.
Programa de governo
Em mais uma crítica ao ex-presidente Lula, Guedes disse que o
programa econômico do presidente Jair Bolsonaro é conhecido e não trará
surpresas caso o mandatário seja reeleito. "Nosso programa todo mundo já
conhece, todo mundo sabe, não tem surpresa. Se tiver novidade, é uma novidade
boa, como o Fundo de Erradicação da Pobreza."
Ele criticou um programa de "economistas do outro
candidato", referindo-se a Lula.
Segundo o ministro, esse programa defenderia o fim do Auxílio
Brasil, mais encargos trabalhistas e contribuições compulsórias para
trabalhadores informais.
Sobre o Fundo de Erradicação da Pobreza, Guedes disse que o
Estado brasileiro deveria se desfazer de ativos para transferir recursos à
população. O ministro citou um patrimônio de mais de R$ 1 trilhão em ativos
imobiliários, R$ 1 trilhão em valor de empresas estatais e R$ 3 trilhões em
recebíveis como possíveis alvos dessa ação.