Vídeos mostram protestos de caminhoneiros bolsonaristas

Manifestantes pedem intervenção militar e dizem bloquear estradas

 


Vídeos que circulam nas redes sociais mostram protestos de caminhoneiros que apoiavam a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). Nas filmagens, eles afirmam fazer uma mobilização para ocupar as rodovias do país contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.

Os vídeos mostram motoristas vestidos com as cores da bandeira do Brasil supostamente fechando estradas em cidades do Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Bahia. Em alguns casos, eles pedem intervenção militar.

Procurada, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Paraná afirmou que há "algumas ações em pontos esparsos com poucos manifestantes". As PRFs dos demais estados citados não responderam até a publicação da reportagem.

Lula foi eleito pela terceira vez presidente da República na noite deste domingo (30), no pleito mais apertado desde a redemocratização.  Com 99,99% das urnas apuradas, o candidato tinha 50,90% contra 49,10% dos votos obtidos por Bolsonaro.

Em um dos vídeos, um homem que não se identifica diz estar em contato com lideranças do país inteiro e convoca caminhoneiros a fazerem uma paralisação.

"Estamos em 256 pessoas. Travou o Brasil, travou. Não podemos liberar", afirma. "Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e [dizer] 'oh, vocês não podem pedir intervenção militar ou qualquer coisa. Nós só saímos das ruas na hora que o Exército tomar o país", acrescenta.

Segundo o homem, que veste uma camisa nas cores do Brasil escrita a palavra "patriota", há manifestações semelhantes nas cidades catarinenses de Joinville, Criciúma, Itajaí, Curitiba, além de São Paulo, Rio de Janeiro e outros locais. A reportagem não conseguiu confirmar se há ações nesses locais.

Os caminhoneiros foram importante base de Bolsonaro em 2018, mas o apoio da categoria refluiu nos últimos anos, principalmente com o aumento no preço dos combustíveis. Recentemente, o presidente anunciou a antecipação do auxílio pago aos profissionais autônomos, o que foi visto como uma tentativa de impulsionar a campanha pela reeleição entre o grupo.

Em Luís Eduardo Magalhães, oeste da Bahia, manifestantes queimaram pneus e bloquearam a BR-020 com caminhões na noite deste domingo.

Em um vídeo divulgado em redes sociais, uma manifestante afirma que a eleição foi "corrupta, cheia de problemas e cheia de confusão". "Entregar o Brasil para Lula é o mesmo que morrer. Não vamos deixar, vamos lutar pelo nosso país. Vamos continuar produzindo grãos, comida para o povo", disse a manifestante.

Luís Eduardo Magalhães é um dos principais polos do agronegócio do país, com produção de soja, milho e algodão. A cidade foi uma das duas únicas cidades baianas onde Jair Bolsonaro teve mais votos que Lula.

No Telegram, um grupo chamado "Caminhoneiros e Agro pelo Brasil" reúne cerca de 890 pessoas. Em algumas mensagens, usuários mencionam o artigo 142 da Constituição Federal, comumente citado por apoiadores do atual presidente para defender a hipótese da legalidade de um golpe. "Dia de Finados já queremos que tenham tido a intervenção militar", escreveu um dos integrantes na noite deste domingo.

A descrição do grupo diz que a ideia é "fazer o maior protesto da história desses planeta". "Não aceitamos a covardia que foi feita com o povo trabalhador brasileiro, nós que contribuímos muito para o funcionamento do país, não podemos mais ser tratados como lixo", diz o texto.

Em outro vídeo que circula nas redes sociais, um homem não identificado diz estar em Lucas do Rio Verde (MT). "Acabou de terminar agora a apuração. O povo brasileiro sabe que sofreu um duro golpe, e nós não vamos aceitar. O povo está fechando tudo", diz. Ao fundo, é possível ouvir uma mulher dizendo. "Vamos parar o Brasil. Chega de sermos burros!"

Há conteúdos semelhantes gravados por caminhoneiros em Londrina (PR), Nova Londrina (PR) e Palhoça (SC). Alguns deles mostram estradas fechadas, com pneus pegando fogo e dezenas de pessoas com camisa nas cores verde e amarela.

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