Humorista estava internado na Clínica São Vicente, na Zona
Sul do Rio de Janeiro; ele tratava um câncer há anos.
Roberto Guilherme ficou eternizado na pele de Sargento Pincel — Foto: Blenda Gomes / TV Globo
Conhecido pelo papel marcante e irreverente do Sargento
Pincel, em 'Os Trapalhões', da TV Globo, o ator Roberto Guilherme, de 84 anos,
morreu nesta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro. O artista, que também era
dublador, estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul. A
informação foi confirmada pela família do artista e também por Lívia Aragão,
mulher do também ator Renato Aragão. ‘Pinça’, como também era carinhosamente
chamado, lutava contra um câncer há alguns anos.
Roberto Guilherme, apesar da longa carreira, sempre será
reconhecido como o 'Sargento Pincel', que contracenava como o 'Soldado 49',
feito por Renato Aragão, no programa 'Os Trapalhões'. A careca, que virou sua
marca registrada, surgiu no programa, com o ator tendo os cabelos raspados em
uma esquete humorística.
Vida e carreira
O artista, que foi batizado como Edward Guilherme Nunes da
Silva, nasceu em Ladário, Corumbá (MT), em 25 de agosto de 1938. O nome Roberto
foi uma homenagem feita a Roberto Carlos. Antes de se mudar para o Rio de
Janeiro, aos 8 anos de idade, ele morou na cidade de Natal, no Rio Grande do
Norte, e aos 11 anos, começou a trabalhar em uma loja que fazia e consertava
tamancos. Aos 14, passou a jogar futebol profissionalmente, como
ponta-esquerda, no Vasco da Gama.
Quatro anos depois, ele se alistou no Exército e tornou-se
paraquedista. Entretanto, não abandonou o futebol. Ele chegou a disputar
partidas pela Seleção Brasileira Militar de Futebol ao lado de Pelé.
Representando o Brasil, Roberto Guilherme disputou partidas nos Estados Unidos,
Inglaterra, Panamá, e Colômbia, e foi campeão sul-americano na categoria.
Ainda no Exército, ele escreveu uma peça de teatro amador
encenada no Olaria Atlético Clube, na Zona Norte do Rio. Mas um dia um ator
faltou, e Guilherme acabou o substituindo. Um produtor viu a peça, e convidou
Roberto Guilherme para trabalhar na TV Rio.
Em 1963 o agora ator, foi para a TV Excelsior, onde conheceu
Renato Aragão, o Didi. Eles contracenaram pela primeira vez no humorístico 'Um
Dois, Feijão Com Arroz' (1965), que ainda tinha no elenco Dedé Santana, Dary
Reis e Átila Iório. Depois, o ator passou a fazer parte do elenco fixo de
'Adoráveis Trapalhões', que tinha como astros principais Didi, Ted Boy Marino,
Ivon Cury e Wanderley Cardoso.
Com o mesmo elenco, também atuou em 'Os Legionários' (1965),
onde interpretava um militar, que não tinha nome, mas era o embrião do
'sargento Pincel'. Na Excelsior, ele ainda atuou no programa de aventuras '002
Contra o Crime' (1965) e na novela infanto-juvenil 'A Ilha do Tesouro' (1966).
Da Excelsior, Roberto Guilherme foi para a TV Record, onde
viveu o 'sargento Pincel' pela primeira vez, no programa 'Quartel do Barulho'
(1966). Depois, passou a fazer dupla com Renato Aragão no programa Praça da
Alegria, ainda na Record. A convite de Wilton Franco, Roberto Guilherme
retornou a Record, para trabalhar no programa Os Insociáveis (1971-1974), que
reunia no elenco Didi, Dedé, Mussum e a cantora Vanusa.
Em 1969 o ator foi para a TV Tupi, trabalhar com Costinha no
programa 'Do Que Se Trata' (1969). E ao lado de José Santa Cruz formou a dupla
Jojoca e Xexéu, que fez muito sucesso no programa 'Telecentral do Riso'.
Roberto Guilherme era Xexéu, um valentão que usava da ingenuidade de Jojoca
para aplicar golpes e conquistar as garotas.
Em 1975 a trupe foi para a Tupi, e Zacarias passou a ser o
quarto integrante do quarteto. Surgia 'Os Trapalhões'. Roberto Guilherme também
fazia parte do programa, com personagens de apoio. O programa ficou no ar até
1976. Na Tupi, Roberto Guilherme também fez parte do programa jornalístico
'Abertura', idealizado por Fernando Barbosa Sobrinho.
Em 1980, o ator chegou a fazer teste para interpretar o
palhaço Bozo, no SBT, mas perdeu a vaga para Wandeko Pipoca. Em 1981, Guilherme
foi para a TV Globo, onde participou de programas como 'Viva o Gordo' e
'Balança Mais Não Cai'.
No entanto, foi no retorno de 'Os Trapalhões', que ficou na
memória do público. Entre 1982 a 2013, atuou em diversos projetos liderados por
Renato Aragão, inclusive 'Os Trapalhões em Portugal' (1995-1997), produzido
pela SIC (televisão portuguesa).
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