Dois dias após perder a eleição, presidente fez pronunciamento de dois minutos, agradeceu os votos que recebeu e não citou o presidente eleito, Lula. Bolsonaro criticou atitudes como invasão de propriedade e cerceamento do direito de ir e vir.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nesta terça-feira
(1º), dois dias após o resultado do segundo turno, o primeiro pronunciamento
após perder a eleição. Bolsonaro leu um discurso curto, de dois minutos, em que
disse que continuará cumprindo a Constituição. Depois, o ministro da Casa
Civil, Ciro Nogueira, afirmou que dará início à transição de governo.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro discordou de ser chamado de
antidemocrático e disse que sempre jogou "dentro das quatro linhas da
Constituição".
"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao
contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da
Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os
mandamentos da nossa Constituição", afirmou.
Bolsonaro também disse que "manifestações pacíficas são
bem-vindas" e criticou ocupações. Caminhoneiros que apoiam o presidente
fazem bloqueios em estradas do país desde o fim do domingo (30).
"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros
que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares
são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo
eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos
métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como
invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir
e vir", continuou
O resultado das eleições foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) às 19h57 de domingo, quando 98,81% das urnas já tinham sido apuradas.
Àquela hora, Lula, tinha 50,83% dos votos válidos e não poderia mais ser
alcançado por Bolsonaro, que contabilizava 49,17% de votos válidos.
Ao todo, com 100% das urnas apuradas, o presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva obteve 60,3 milhões de votos, e Bolsonaro, 58,2
milhões de votos.
No pronunciamento, Bolsonaro não citou o nome de Lula.
Tradicionalmente, candidatos derrotados ligam para os vitoriosos. De acordo com
o PT, Bolsonaro não havia procurado Lula até a tarde desta terça.
Transição
Logo após a breve fala de Bolsonaro, Ciro Nogueira assumiu o
microfone no púlpito para falar sobre a transição de governo, tema que não foi
abordado pelo presidente.
"O presidente Jair Bolsonaro autorizou, quando for
provocado, com base na lei, a iniciarmos o processo de transição", disse o
ministro.
"A presidente do PT [Gleisi Hoffmann], segundo ela em
nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do
vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para
cumprir a lei do nosso país", completou Nogueira.
Movimentação no Alvorada
A primeira fala pública de Jair Bolsonaro após a derrota nas
eleições foi antecedida de uma intensa movimentação no Palácio da Alvorada,
residência oficial da Presidência da República, onde ele se fechou nos últimos
dias.
No início da tarde, carros de vários ministérios chegaram ao
local, levando os ministros para a companhia do presidente.
Bolsonaro discursou ao lado de auxiliares diretos. Entre os
ministros presentes estavam Ciro Nogueira (Casa Civil), Marcelo Queiroga (Saúde),
Paulo Guedes (Economia), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres
(Justiça), Marcelo Sampaio (Infraestrutura), Joaquim Leite (Meio Ambiente),
Carlos França (Relações Exteriores), Célio Faria (Secretaria de Governo) e Luiz
Eduardo Ramos (Secretaria-Geral).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também esteve no
Alvorada, mas deixou o prédio antes do pronunciamento de Bolsonaro.
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