A contratação do crédito estava suspensa desde as 19h do dia
1º de novembro.
Maioria dos beneficiários do Auxílio Brasil, na fila da agência da Abolição, desconhece regras do empréstimo consignado — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1
A Caixa Econômica Federal voltou a liberar, desde as 7h desta
segunda-feira (14), o crédito consignado a beneficiários do Auxílio Brasil.
A contratação do crédito estava suspensa desde as 19h do dia
1º de novembro. No anúncio da suspensão, a Caixa informou que era válida até as
7h desta segunda.
O motivo da suspensão envolveu o processamento da folha de
pagamento do Auxílio Brasil, processo que engloba o Dataprev, a própria Caixa e
o Ministério da Cidadania (leia mais abaixo).
O crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil foi liberado pela Caixa no dia 11 de outubro. Muitas pessoas que buscavam o empréstimo vinham enfrentando dificuldades para contratar o serviço pelo aplicativo Caixa Tem, além de queixas como atraso de pagamento e taxa extra de seguro.
No dia 25 de outubro, o banco informou que havia emprestado
R$ 4,2 bilhões a 1,6 milhão de beneficiários desde 10 de outubro. Um dia antes,
a Caixa informou que, atendendo a uma orientação do Tribunal de Contas da União
(TCU), congelou por 24 horas a liberação de empréstimos nessa modalidade. Esse
prazo foi o intervalo dado pelo TCU para o banco dar explicações sobre o
consignado do Auxílio Brasil. Antes disso, a oferta do empréstimo havia sido
suspensa por um período para manutenção nos sistemas do banco e da empresa de
tecnologia Dataprev.
Segundo o Ministério da Cidadania, além da Caixa, há 13
instituições financeiras habilitadas a oferecer o empréstimo consignado a
beneficiários do Auxílio Brasil.
Caixa envia mensagens a contratantes
No último dia 10, a Caixa Econômica Federal informou que
começou a enviar mensagem aos beneficiários do Auxílio Brasil que solicitaram
crédito consignado. O objetivo é esclarecer quando as parcelas do empréstimo
começarão a ser descontadas do valor do benefício.
O desconto vem sendo alvo de reclamação: para muitas pessoas,
o aplicativo Caixa Tem mostra valores próximos a R$ 240 a serem recebidos no
próximo calendário de pagamentos – já com o desconto da primeira parcela do
consignado, e também sem os R$ 200 complementares, previstos para serem pagos
até dezembro.
Segundo o banco, o primeiro desconto no benefício ocorre no
mês seguinte ao do envio das informações pelas instituições financeiras (o
banco que concedeu o empréstimo).
No aviso, a Caixa informa que "a parcela do empréstimo é
debitada automaticamente a partir do primeiro benefício a ser recebido após a
contratação".
Como funciona o consignado
De acordo com as normas estabelecidas pelo governo federal, o
valor máximo do consignado está limitado a 40% do valor mensal do Auxílio
Brasil. Para o cálculo, serão considerados os R$ 400, já que o valor atual de
R$ 600 só vale até dezembro. Assim, o valor da parcela será, no máximo, R$ 160.
O Ministério da Cidadania estabeleceu um limite de juros de
3,5% ao mês, mas cada instituição financeira pode adotar uma taxa diferente,
respeitando esse teto. No caso da Caixa, o banco estabeleceu uma taxa de 3,45%
ao mês.
Se o benefício for cancelado, o empréstimo não será
cancelado. Ou seja, mesmo se deixar de receber o Auxílio Brasil, o beneficiário
precisa se organizar para pagar todos os meses o empréstimo até o final do
prazo do contrato, depositando na sua conta o valor da parcela.
No empréstimo consignado, o desconto é feito direto na fonte.
Ou seja, durante o prazo contratado, a parcela é descontada diretamente do
valor mensal do benefício.
No ato da contratação, as instituições financeiras devem
informar ao beneficiário as seguintes condições:
- Valor
total contratado com e sem juros;
- Taxa
efetiva mensal e anual de juros;
- Valor,
quantidade e periodicidade das prestações;
- Soma
do total a pagar ao final do empréstimo;
- Data
do início e fim do desconto;
- Valor
líquido do benefício restante após a contratação
Críticas
A oferta de crédito consignado por meio do Auxílio Brasil tem
sido criticada por especialistas e entidades. Eles alegam que a medida pode ser
danosa à população, porque os recursos do programa de transferência de renda
costumam ser utilizados para gastos básicos de sobrevivência.
Para o Idec, a taxa máxima de juros estabelecida pelo
governo, de 3,5% ao mês, é abusiva.
“Isso porque ela é bem maior do que a praticada atualmente
para outros tipos de empréstimo consignado, como os para aposentados,
pensionistas e servidores públicos”, disse a entidade.
Na avaliação da Caixa Econômica, porém, o crédito pode ser
uma oportunidade para os beneficiários do Auxílio Brasil quitarem empréstimos
com juros mais altos, como o cartão de crédito.
"Clientes que possuem empréstimos com taxas de juros
elevadas podem verificar se o consignado tem taxas mais acessíveis e utilizar o
valor para liquidação de dívidas mais caras", argumenta o banco.
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