Empresa afirmou que o episódio é 'inaceitável' e informou que
a colaboradora foi demitida
Cliente negra foi acusada injustamentede furto em loja da Renner, no Rio Reprodução/Twitter |
Clientes da Renner situada no Shopping Madureira, na zona
norte do Rio, filmaram o momento no qual uma mulher negra foi abordada no
provador por uma funcionária da loja, neste sábado. No vídeo, a vítima aparece
indignada após a equipe do estabelecimento pedir para ela mostrar o que havia
em sua bolsa e sugerir que a mulher tinha furtado um casaco.
O caso repercutiu nas redes sociais na manhã deste domingo.
Procurada pelo GLOBO, a empresa classificou o episódio como
"inaceitável" e informou que a funcionária que fez a abordagem
"já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia".
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a vítima no
provador. Uma outra cliente, que experimentava roupas na cabine em frente, faz
a filmagem. No vídeo, a vítima afirma que a funcionária pediu sua bolsa e pediu
para ela devolver algo que supostamente havia furtado na loja.
Outras clientes afirmam no vídeo que testemunharam a
abordagem e confirmam a versão da vítima. Uma outra mulher afirma que aquele
tratamento foi dado em função da cor da pele da jovem intimidada.
"Gente, minha prima estava no provador da renner quando
de repente entrou uma funcionária coagindo ela EMPURRANDO ela na parede
mandando ela tirar tudo que ela 'pegou', ela assustada abriu a bolsa
perguntando ser do casaco q ela estava falando, ela disse que o casaco era da
redley, a mulher disse que não, que era da renner e que ela havia
roubado!", escreveu Julliana Costa, prima da vítima, que também estava na
loja e compartilhou as imagens nas redes sociais.
A Polícia Militar foi chamada ao local da ocorrência. Um
outro vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial conversando com a
vítima. Ele chama a cliente para resolver a situação em um lugar reservado, diz
que os direitos dela serão preservados, mas não estava ali para "fazer
circo para ninguém". A declaração do agente também causou indignação nas
testemunhas.
Em nota, a PMERJ afirmou que "as partes foram conduzidas
para a delegacia". A Polícia Civil disse que "os agentes ouvem
testemunhas e realizam outras diligências para esclarecer as circunstâncias do
fato." O caso foi registrado na 29ª DP, em Madureira.
— O policial não chegou querendo a situação, mas querendo
abafar tudo, querendo ir para um lugar reservado, bem como a gerente da
administração do shopping, que queria ir para um lugar reservado acabar com o
tumulto que a gente estava fazendo ali — disse Julliana, ao GLOBO.
— Mas o tumulto era para não passar em branco, para não
passar batido. Porque ela passou um constrangimento na frente de todo mundo e
eles queriam resolver no privado. Aí a gente falou que não ia, que iria
resolver ali, porque ela foi constrangida ali, no meio de todo mundo —
acrescentou.
A empresa enviou um comunicado no qual sustenta que a
"abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos
valores da Lojas Renner". O estabelecimento acrescentou que a funcionária
envolvida no caso já foi desligada.
"Nos sensibilizamos, lamentamos profundamente o ocorrido
e daremos apoio à cliente, nos colocando à sua disposição. A empresa não tolera
racismo ou qualquer tipo de preconceito e discriminação", diz o texto.
Leia a íntegra do comunicado abaixo:
O episódio ocorrido no Madureira Shopping é inaceitável. A
abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos valores
da Lojas Renner, por isso a colaboradora responsável já não faz mais parte do
quadro de colaboradores da companhia. Nos sensibilizamos, lamentamos
profundamente o ocorrido e daremos apoio à cliente, nos colocando à sua
disposição.
A empresa não tolera racismo ou qualquer tipo de preconceito
e discriminação. Reforçamos que temos uma política de Direitos Humanos, além de
um Código de Conduta e um programa de diversidade que buscam promover a
inclusão, o que passa pela sensibilização e capacitação constante das nossas
equipes.
Continuaremos empenhados em avançar na conscientização de
nossos times e no aprimoramento de nossos processos, reforçando os treinamentos
e com atuação imediata na loja em questão, com o objetivo de garantir que o
respeito e a equidade sejam aplicados em todas as nossas relações.
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