Mulher contou à polícia que o marido ingeriu bebidas alcóolicas
e bateu nela, em Uruaçu. Delegado informou que instaurou inquérito policial
contra o homem que estava agredindo a mãe da criança.
Um menino de 10 anos esfaqueou o próprio pai para defender a
mãe em Uruaçu, no norte de Goiás, conforme apurou o delegado Peterson Amin.
Segundo o relato da Polícia Militar, a mulher contou que o casal passa por uma
crise no relacionamento, que o marido ingeriu bebidas alcóolicas e bateu nela.
“Ele [o marido] não aceita ela [a esposa] ter redes sociais,
ela tinha postado uma foto com o menino e ele perguntou porque ela estava
postando e começou a briga. Ele deu tapas, murros e, nesse momento, a criança
foi na cozinha pegou a faca, o golpeou na barriga e ele falou: ‘uai filho, você
furou o papai?’”, descreveu a conselheira tutelar Keila Silva à TV Anhanguera.
O g1 não conseguiu contato com o homem, nem com a esposa
dele, para obter um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Os militares contaram que o homem inconsciente e com
sangramento na região abdominal. Segundo o delegado, a vítima foi encaminhada
pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual
do Centro-Norte Goiano (HCN) e estava internada até esta terça-feira (6).
O HCN informou que o paciente se encontra estável, em leito de enfermaria, se
recuperando do pós operatório de uma laparotomia exploradora.
Violência
Ao repórter Matheus Albernaz, da TV Anhanguera, a conselheira
tutelar descreveu ainda que a criança não tem histórico de agressividade, não
tem nenhuma passagem pelo Conselho Tutelar ou pela Polícia e não teve a
intenção de matar o pai.
Keila detalhou que a briga começou quando a mulher voltou da
igreja e foi buscar o marido, que estava bebendo na casa da irmã. A mulher
contou à Keila que o marido estava bêbado e queria dirigir o carro cheio de
crianças, ela não permitiu e a discutiu com ela.
O homem desceu do carro e, quando a mulher chegou em casa, a
discussão recomeçou e o menino esfaqueou o pai. A conselheira disse que o menino
ainda está em choque e não assimilou o que fez. Segundo Keila, no momento da
briga, ele só pensou em defender a mãe.
“A criança vai continuar com a mãe e o pai não vai voltar
para casa, ela vai fazer uma medida protetiva e esse é o fim do casamento. A criança
vai estar segura, o que puder fazermos de monitoramento, segurança e proteção
vamos fazer”, descreveu.
A mulher contou ainda para Keila que o marido era violento e,
há três meses, estava sendo agredida, mas tinha medo de terminar. O homem,
inclusive, tinha uma arma guardada no cofre de casa, conforme o relato da
conselheira tutelar.
Investigação
O caso aconteceu na madrugada de domingo (4) para segunda
(5). O delegado explicou que não houve prisão em flagrante do homem, por conta
do estado de saúde dele.
“Como o menino agiu em legítima defesa de terceiros, os
policiais nem o trouxeram para a delegacia. No dia seguinte, instauramos um
inquérito policial contra o pai, que estava agredindo a mãe dele. Para a
criança, não haverá responsabilização criminal, uma vez que ele atingiu o pai a
fim de defender a mãe”, explicou o delegado.
Peterson detalhou que o homem pode responder futuramente pela
agressão à esposa. O investigador completou que ligou para a mulher, mas ela
informou que não queria ir à delegacia, por isso, ela foi intimidada para
prestar depoimento.
Nota Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar de Uruaçu-go Órgão encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
vem por meio deste Comunicado informar que já está acompanhando a criança.
Fatos se deram devido a uma briga entre os pais enquanto o
menino assistia o genitor agredir a sua mãe e no intuito de defende-la a
criança pegou uma faca de cozinha e golpeou o pai no abdômen.
A mãe sofria violência doméstica constantemente e os filhos
sempre presenciava a situação.
A criança desesperada reagiu de forma imprevista cometendo
então um ato infracional. A criança não tem histórico de agressividade, não tem
nenhuma passagem pelo Conselho Tutelar ou pela Polícia e não teve a intenção de
matar o pai.
Este órgão segue os atendimentos a família e será aplicado
todas as medidas de proteção cabíveis, conforme prevê o artigo 105 da lei
8.069/90 ECA.
Medidas estas previstas no Art. 101 Eca;
- Art.
101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
- II
- orientação, apoio e acompanhamento temporários;
- III
- matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
- IV
- inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à
criança e ao adolescente;
- V
- requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
- Dentre
as medidas de proteção a criança (família) será encaminhada para o órgão de
proteção e atendimento CREAS.
Foi confeccionado relatório dos fatos para DPC e MP.
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