Governo depende de um processo de averiguação cadastral para
pagar o valor extra prometido durante a campanha de Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu, durante
sua campanha eleitoral, pagar um adicional de R$ 150 para
beneficiários do Bolsa Família com crianças de até seis anos. Os
pagamentos, contudo, não terão início agora em janeiro.
Segundo Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social,
a implementação do extra deve levar ao menos 60 dias. Ela depende da reestruturação
da rede de assistência social pelo Ministério do Desenvolvimento Social e da
conclusão do pente-fino anunciado no fim do ano passado.
O pente-fino será um processo de averiguação
cadastral com o objetivo de excluir quem recebe o benefício indevidamente e
incluir aqueles que realmente precisam. Segundo Dias, há indícios de “grandes
irregularidades” na folha de pagamento atual do programa.
“Vamos trabalhar uma espécie de censo especial para o
cadastro. Tem gente ilegalmente dentro e tem quem tem direito está fora”,
afirmou o ministro. Contudo, ele garante que o plano não é simplesmente cortar
famílias, mas levar os recursos a quem realmente precisa da renda.
Reestruturação da assistência social
O governo federal quer retomar algumas exigências que
existiam antes do Bolsa Família ser transformado em Auxílio Brasil por Jair
Bolsonaro. Chamadas de condicionalidades, elas garantiam o acesso dos cidadãos
de baixa renda a políticas públicas de saúde, educação e assistência social.
Esses compromissos incluíam, por exemplo, manter a carteira
de vacinação infantil em dia e assegurar uma frequência mínima na sala de aula
para jovens em idade escolar. Caberá ao Ministério do Desenvolvimento editar
uma medida provisória, junto a pastas com Saúde e Educação, para reformular o
programa.
Pente-fino no Bolsa Família
No caso do pente-fino, o foco são os beneficiários que
moram sozinhos, ou seja, famílias unipessoais. Desde novembro de 2021, o número
de aprovados nesta condição disparou, gerando uma distorção no programa.
Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), as irregularidades resultam em
prejuízos de cerca de R$ 2 bilhões mensais ao governo.