Crime aconteceu depois que Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, e Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, perderam partida de sinuca no estabelecimento, na terça-feira (21).
Maciel Bruno e a esposa, Kelma Silva Santos Andrade. — Foto: Reprodução |
Kelma Silva Santos Andrade, esposa de Maciel Bruno de Andrade
Costa, de 35 anos, que está entre as sete vítimas da chacina dentro do próprio
bar que administrava em Sinop, ao norte do estado, contou à TV Centro América
que não sabe por onde recomeçar após perder o marido. Ela também disse que o
clima no estabelecimento sempre foi tranquilo e alegre, e que nunca esperava
que algo assim pudesse acontecer.
"Tudo era ele, desde comer até a conta de água e luz era
ele. Ele é o alicerce da casa. Quanto para a mãe dele, quanto para mim, estamos
sem chão. Eu não sei por onde vou recomeçar. Eu trabalho, mas é difícil. Tudo
era ele. Minha sorte é que minha família está do meu lado", contou.
Na terça-feira (21), no dia em que aconteceu a chacina, ela
disse que foi trabalhar no mercado e deixou os dois filhos em casa, porque
estavam sem aula. Ao ver a irmã entrando no comércio, às lágrimas, ela pensou
que algo tivesse acontecido com os filhos.
Maciel Bruno é uma das vítimas da chacina que vitimou sete pessoas em um bar de Sinop (MT). — Foto: Reprodução |
"Quando ela [irmã] disse que era com Bruno, aí eu
desabei. Eu saí correndo daquele mercado, gritando, parecendo uma louca. Todo
mundo correndo atrás de mim porque ninguém estava entendendo nada. Ela me disse
que era verdade, que tinha acabado de assassinar o Bruno, e eu falei que era
mentira, que ele conhece todo mundo e seria impossível alguém matar ele",
lembrou.
Na frente dos filhos, Kelma disse que se mostra forte diante
da situação. "Eu não posso desanimar. Uma coisa que ele me falava todo dia
era de que me admirava, dizia que eu era guerreira, que sou forte. Ele me
admirava muito como mãe e que se ele tivesse que escolher mil vezes, seria eu
para ser a mãe dos filhos dele. Então, perto deles eu estou forte",
afirmou.
Maciel e a esposa, Kelma Silva Santos Andrade, em um momento de descontração. — Foto: Reprodução |
Os jogos de sinuca no bar, segundo ela, aconteciam a cada cinco
meses. O clima no estabelecimento era tranquilo e nunca teve qualquer
discussão, inclusive no dia da chacina não houve qualquer discussão, de acordo
com ela.
Um dos autores dos assassinatos, Edgar que está preso,
frequentava o mesmo lugar que Bruno, mas não andavam juntos. Já Ezequias, que
morreu em confronto com a polícia, Kelma disse que não o via pelo
estabelecimento.
"Se tinha algum problema, ficava lá [no bar]. Ele não me
trazia essas coisas. De vez em quando, o Edgar e ele iam participar de torneios
em Alta Floresta e Cuiabá. Os dois gostavam de jogar, mas não andavam juntos.
Ele falava que Edgar era um jogador", disse.
Chacina
Um vídeo registrado pelas câmeras de segurança do bar mostrou
o momento em que um dos homens, com uma pistola, pede para que as algumas das
vítimas fiquem de costas, viradas para a parede.
Enquanto isso, um outro homem pega uma espingarda calibre 12
mm na caminhonete e, em seguida, atira contra as vítimas. Algumas das pessoas
tentam correr, mas são atingidas fora do bar.
Após a execução, os homens roubaram o dinheiro que estava em
uma das mesas de sinuca, além de outros objetos do bar. Eles fugiram em uma
caminhonete que estava estacionada em frente ao local.
Cronologia do crime
- O
suspeito Edgar e a vítima Getúlio combinaram, dias antes, de jogar sinuca,
apostado, no bar onde o crime ocorreu.
- Na
manhã dessa terça-feira (21), os dois iniciaram as apostas. Edgar perdeu
cerca de R$ 4 mil e foi para casa.
- Getúlio
continuou no bar, junto com a esposa e a filha, onde almoçaram e ficaram
conversando com amigos.
- Durante
a tarde, Edgar voltou na companhia de Ezequias e desafiaram Getúlio
novamente.
- O
clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra
desavença, segundo testemunhas relataram ao delegado.
- A
dupla perdeu mais partidas para Getúlio. Edgar fica revoltado, joga o taco
de sinuca na mesa, dá um sinal para Ezequias, que rende todas as pessoas,
enquanto o comparsa pega uma espingarda no carro.
- Ezequias
dá um tiro em Bruno, dono do bar, e depois um tiro pelas costas do
Getúlio, que cai, e recebe mais dois disparos na cabeça.
- Enquanto
isso, Edgar dispara nas outras vítimas que estavam no local.
- Três
pessoas correm para fora do bar, entre elas a adolescente, mas são
atingidos pelas costas e morrem. Uma conseguiu fugir.
- Após
a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca
e outros objetos pelo bar e fogem em uma caminhonete que estava
estacionada em frente ao local.