A professora de pole dance Ana Carolina Onésio, de 23 anos,
denuncia o Hospital Life Center, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte,
em Minas Gerais, por ter ficado com a vagina necrosada após uma cirurgia
no fêmur. Segundo ela, os médicos alegaram que houve um "intercorrência
médica" durante o procedimento e não explicaram como ocorreu a lesão no
órgão sexual.
— Na primeira vez que falei com o diretor do hospital, ele
falou que havia ocorrido uma "intercorrência médica". Falei que não
foi intercorrência. Foi erro — contou Carol, como gosta de ser chamada.
O drama da professora começou em 3 de dezembro de 2022. Ela
fazia movimentos na barra de pole dance na frente de alunas e, num determinado
momento, fraturou o fêmur. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)
foi chamado e a equipe levou a jovem para o Hospital João XVIII.
Carol passou por exames que confirmaram a lesão e foi
transferida para o Hospital Life Center. Lá ela foi diagnosticada com um tumor
no fêmur. A instrutora passou por uma biópsia. Segundo ela, foram 23 dias à
espera do resultado, sem que pudesse operar o osso fraturado.
— Fiquei 23 dias quebrada. O osso já estava calcificando —
lembrou.
Após ficar constatado que o tumor era benigno e receber um
diagnóstico de displasia óssea, Carol foi operada. De acordo com a professora,
o procedimento deveria durar uma hora e meia, mas ela acabou ficando na mesa de
cirurgia por três horas. Durante esse período, acordou três vezes da sedação,
afirmou. Ao voltar para seu leito, ela notou algo havia ocorrido com sua
vagina:
— A anestesia passou. Eu coloquei a mão na minha vagina e vi
que ela estava desconfigurada, inchada. Senti uma dor imensa.
A jovem relatou que enfermeiros foram chamados, mas eles não
conseguiram explicar o que havia acontecido. Carol acredita que a lesão possa
ter sido causada por um instrumento chamado coxim, usado para a proteção do
órgão durante a cirurgia.
— A cirurgia durou o dobro do tempo previsto. Acordei três
vezes e eles tiveram que me sedar novamente. Ninguém pensou que o coxim poderia
estar me machucando? — questionou ela.
Segundo a professora, o órgão sexual ficou inchado por dois
dias:
— Estava roxo. Pensaram que fosse um edema. Ficaram mais
assustados quando começou a necrosar.
Por causa da lesão, Carol contou que ficou 36 dias a mais que
o previsto internada. Passou o Natal e o Ano Novo no hospital. As dores eram
muito fortes e ela chegou a ter que tomar morfina de duas em duas horas. A
jovem disse ter sido diagnosticada com depressão pós-traumática por uma
psiquiatra contratada pela unidade de saúde, que recomendou que a cirurgia de
reparação de sua vagina seja feita em quatro meses, depois que a professora se
recuperar.
De acordo com Carol, o hospital prometeu sessões de
fisioterapia em casa, mas isso não aconteceu. Ela disse que teve que pagar R$
60 por sessões de laser no órgão sexual. Para conseguir custear o tratamento,
ela faz rifas, que anuncia em seu perfil no
Instagram.
— Já estou com uma advogada e vou processar o hospital —
afirmou.
O que diz o hospital
Em nota, o Hospital Life Center informou que "está à
disposição da paciente e empenhada em lhe oferecer o melhor apoio para esse
momento". Veja a íntegra:
"O hospital informa que a paciente necessitou de uma
cirurgia complexa proveniente de uma patologia grave, sendo que, em sua
recuperação, é necessário realizar sessões de fisioterapia especificas na unidade
com equipamentos de suporte que não podem ser transferidos para a sua
residência. Uma equipe multidisciplinar especializada está à disposição e
acompanhando a recuperação da paciente.
A administração do hospital ressalta que está em contato
constante com a paciente e sua representante para apoiá-la nesse momento.
A unidade reitera que está à disposição da paciente e
empenhada em lhe oferecer o melhor apoio para esse momento".
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