"Porque eu sou rastafari? Porque eu sou negro? Eu não
tenho direito de ir à festa?", questiona
O investigador da Polícia Civil Adson Gomes Miranda estava
curtindo o Carnaval de Salvador quando foi surpreendido por policiais militares
que se aproximaram violentamente, o agredindo. O caso aconteceu no Morro do
Cristo, no circuito Barra-Ondina, na terça-feira de Carnaval.
Segundo o policial, ele estava na rua para acompanhar o trio
de Leo Santana. No momento em que esperava o bloco, não ocorria tumulto, mas a
patrulha da Polícia Militar passou, avistou Adson de longe e começou a
encará-lo.
Investigador da Polícia Civil é agredido por PMs no Carnaval; vídeo https://t.co/ZPaO6VMQRk
— Jornal Correio (@correio24horas) March 3, 2023
"Por que eu sou rastafari? Por que eu sou negro? Eu não tenho direito de ir à festa?", questiona #Correio24h pic.twitter.com/7R5FZnaF09
"Ele me olhou, de cima a baixo e aí deu a primeira
'fantada' [agressão com cacetete]. Quando ele deu a primeira, eu me virei para
ver o que era, já que não estava tendo tumulto. Ele deu a segunda e me
empurrou. Nessa, eu caí e os demais começaram me agredir violentamente na
cabeça. Até pensei que iria morrer naquele momento", explicou ele em
entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Bahia, nesta sexta-feira (3).
O policial ainda contou que uma ambulante gritou para os
policiais que Adson era colega de trabalho deles, tentando ajudá-lo, mas foi
ignorada. Enquanto isso, o agente continuou sendo agredido pelos militares e a
trabalhadora ambulante também foi alvo das agressões. "Deu uma
'fantada' tão forte na menina, que abriu a mão dela", contou.
Em seguida, Adson ainda desabafou sobre ser um homem negro,
rastafari e que é alvo da Polícia Militar durante eventos abertos na capital
baiana. Para ele, é inadmissível os policiais agredirem pessoas no Carnaval,
especialmente por uma motivação por conta da cor da pele.
"Não se faz isso com cidadão nenhum, não é porque eu sou
policial. Nós, que somos servidores públicos, somos pagos para defender. Esse é
o nosso trabalho. E não tentar matar um cidadão pro nada. Porque eu sou
rastafari? Porque eu sou negro? Eu não tenho direito de ir à festa? Se eu não
tenho direito de estar, se eu não tenho direito de ir ao Carnaval, baixe o
decreto: 'ói, é proibido negro no Carnaval da Bahia, só vai branco para o
Carnaval da Bahia e negro, mesmo que seja turista, não venha para o Carnaval da
Bahia porque a gente não tolera, porque a gente vai te bater e vai te
matar".
Procurada, a Polícia Militar afirmou que o fato está
sendo apurado.
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