O Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) pode voltar a ser cobrado a partir de 2024, como parte de uma reformulação que está sendo estudada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O DPVAT, conhecido popularmente como seguro veicular
obrigatório, ampara vítimas de acidente de trânsito, independentemente do
responsável. O seguro indeniza despesas médicas e cobre também casos de
invalidez permanente de morte.
O seguro foi cobrado no licenciamento dos veículos até 2020.
No ano seguinte, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro constituiu um fundo
de R$ 4,2 bilhões, administrado pela Caixa Econômica Federal, para substituir o
consórcio que cuidava do seguro. Com a medida, os motoristas foram isentos da
cobrança anual.
Afinal, o DPVAT voltará a ser cobrado?
A possibilidade de a cobrança retornar está sendo debatida
após uma declaração do secretário de Reformas Econômicas do Ministério da
Fazenda, Marcos Barbosa Pinto.
Em evento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) em
meados deste mês, ele afirmou que o governo precisaria “reconstruir o modelo do
DPVAT e ter uma nova arquitetura para este seguro”.
Em 2023, a isenção de pagamento do DPVAT ainda permanece.
Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou uma medida provisória (MP) que autoriza a
Caixa a administrar o fundo com os recursos do seguro até 31 de dezembro. A
proposta, editada ainda no governo de Bolsonaro, segue para a análise do
Senado, mas não deve enfrentar oposição.
O governo Lula apoiou a aprovação da MP sem alterações para
garantir a manutenção do seguro. O contrato da Superintendência dos Seguros
Privados (Susep) com a Caixa, assinado sem licitação, foi questionado pelo
Ministério Público. A proposta votada na Câmara é necessária para regularizar a
situação.
A MP permite que a Caixa siga na operação do DPVAT após a
Seguradora Líder, um consórcio formado por grandes empresas do setor, decidir
não atuar mais no fundo após 2022. A desistência ocorreu em meio a denúncias de
fraudes nos pagamentos e pela decisão do governo de Bolsonaro de não mais
cobrar os motoristas, se aproveitando do saldo existente.
O novo governo ainda não decidiu como custeará as
indenizações aos motoristas e avalia uma reformulação do DPVAT, o que pode
significar um retorno da cobrança do seguro obrigatório a partir do próximo
ano. No entanto, ainda há a possibilidade de a isenção ser mantida.
Em dezembro, ainda durante a transição entre os governos, a
equipe de Lula foi alertada pelo então superintendente da Susep, Alexandre
Camillo, que só haveria recursos para que o seguro funcionasse até este ano.
Na época, ele explicou que seria preciso decidir se o DPVAT
seria extinto ou discutir um modelo para viabilizar o pagamento das
indenizações às vítimas de acidentes de trânsito.
Com informações Valor Econômico.
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