Beneficiários terão 60 dias para prestar informações; aviso será enviado pelo celular. Auxílio Brasil pagava mesmo valor para famílias de qualquer tamanho, o que incentivou divisão dos cadastros.
O governo federal bloqueou o Bolsa Família de 1,2
milhão de pessoas que dizem morar sozinhas e passaram a receber o benefício
durante o período eleitoral, no segundo semestre de 2022.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, esse grupo
terá 60 dias para recadastrar as informações e demonstrar que, de
fato, preenche os requisitos para acessar o benefício. O prazo começa a contar
nesta sexta-feira (14).
O aviso do bloqueio do benefício será enviado pelo aplicativo
do Cadastro Único e por SMS. E quem não atualizar as informações ou comprovar
que mora sozinho pode ter o Bolsa Família suspenso de forma definitiva.
Se o beneficiário comprovar que compõe uma "família de
uma pessoa só" e tem direito ao benefício, essas parcelas bloqueadas serão
depositadas de forma retroativa.
O governo já começou a informar os beneficiários que estão
com Bolsa Família suspenso. A mensagem enviada tem o seguinte formato (sem
acentuação e pontuação):
"Mensagem do Bolsa Família: benefício bloqueado por
averiguação. Você precisa esclarecer informações do seu cadastro. Se você
realmente mora sozinho, procure o setor do Cadastro Único na sua cidade até 16
de junho e atualize seu cadastro para evitar o cancelamento do seu benefício do
Bolsa Família. Mais informações: ligue 121 - motivo: ave unipessoal cód.
P1-76"
Mensagem de bloqueio do Bolsa Família para beneficiário que mora sozinho — Foto: Reprodução |
Explosão de novos cadastros
O bloqueio foi determinado porque o governo identificou uma
"explosão" de cadastros de famílias unipessoais em 2022 – e suspeita
que boa parte desses novos cartões seja fruto de informações falsas.
No modelo que vigorou até 2021 e foi retomado neste ano, o
Bolsa Família paga um valor-base por família e um adicional por criança e
adolescente no cadastro.
Em 2023, há um "piso" de R$ 600, com adicional de
R$ 150 por criança de até 6 anos na família. O governo estima que o benefício
médio esteja em R$ 670.
Em 2022, no entanto, o Auxílio Brasil estabeleceu um repasse
mínimo de R$ 600 por família, independentemente do número de pessoas.
Isso, segundo o governo, fez com que famílias fraudassem o
benefício ao dizerem que cada morador da casa era uma "família
unipessoal". Ou seja: havia um cadastro para a mãe, um para o pai, e um
para cada filho – todos, recebendo R$ 600 cada.