O programa Desenrola Brasil é um programa de renegociação de
pequenas dívidas anunciado pelo governo federal nesta segunda-feira (5) e deve
começar a valer em julho
O Desenrola Brasil é um programa de
renegociação de pequenas dívidas anunciado pelo governo federal nesta
segunda-feira (5) e deve começar a valer em julho. Vão poder participar
do Desenrola Brasil pessoas que ganham até dois salários mínimos e estejam
devendo até R$ 5 mil.
As regras detalhadas do programa foram apresentadas na Medida Provisória 1176/23 (MP-1176/22), publicada
nesta terça-feira (6) no Diário Oficial da União. Para funcionar, o
programa precisa da adesão das empresas credoras (donas das dívidas), disse
o ministro da Fazenda Fernando Haddad.
"O programa depende da adesão dos credores, uma vez que
a dívida é privada. Mas nós entendemos que muitos credores quererão participar
do programa dando bons descontos justamente em virtude da liquidez que vão
obter, porque vai ter garantia do Tesouro [Nacional]", disse o ministro.
Haddad explicou que em troca de participar da
negociação, a empresa credora terá garantia do Tesouro Nacional caso o
devedor não consiga honrar os compromissos. Para ele Haddad, o fato de o
Tesouro cobrir eventuais calotes incentivará os credores a oferecerem o máximo
de desconto possível aos devedores.
"A ideia é que o credor dê o maior desconto possível,
porque ele tem um estímulo para isso [a garantia do Tesouro Nacional]." O
governo ainda não tem a lista de empresas e bancos que vão participar do
Desenrola Brasil, mas Haddad adiantou que bancos oficiais, como o Banco do
Brasil, vão participar do programa.
Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos), elogiou a iniciativa e reforçou o compromisso dos bancos em
participar. "Quando entrar em operação, os bancos darão sua contribuição
para que o Desenrola reduza o número de consumidores negativados e ajude
milhões de cidadãos a diminuírem suas dívidas."
Como vai funcionar o programa Desenrola Brasil?
O governo classificou os tipos de dívidas por faixas. Na
faixa 1, o consumidor vai poder renegociar dívidas de consumo, como
água, luz e telefone, dívidas do varejo e dívidas bancárias que tenham
sido objeto de negativação até 31 de dezembro de 2022.
Vão poder renegociar estas dívidas as pessoas que recebem até
dois salários mínimos ou que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Para esse grupo, o Desenrola Brasil vai
oferecer recursos como garantia para a renegociação de dívidas bancárias e não
bancárias cujos valores de negativação somados não ultrapassem o valor de R$ 5
mil.
O pagamento da dívida poderá ser à vista ou por financiamento
bancário em até 60 meses, sem entrada, com juros de 1,99% ao mês e a primeira
parcela vai poder ser paga após 30 dias.
Essa operação poderá ser feita pelo celular. No caso de
parcelamento, o pagamento pode ser realizado em débito em conta, boleto
bancário e Pix. O pagamento à vista será feito via Plataforma e o valor
será repassado ao credor.
Ao oferecer garantia para os novos financiamentos, o governo
garante maiores descontos nas dívidas e taxas de juros mais baixas. Caso
o devedor deixe de pagar as parcelas da dívida renegociada, o banco iniciará o
processo de cobrança, e poderá fazer nova negativação.
Desenrola Brasil: Exemplo de dívida renegociada
Valor Original da
dívida |
R$ 1.000,00 |
Valor da renegociação |
R$ 350,00 |
Taxa de juros ao mês |
1,99% |
Prazo para pagar |
60 meses |
Valor da dívida
renegociada |
R$ 562,43 |
Juros |
R$ 212,43 |
Principal |
R$ 350,00 |
Valor das parcela em
60x |
R$ 9,37 |
Faixa 2
A Faixa 2 é destinada somente às pessoas com dívidas
com bancos, que poderá oferecer a seus clientes a possibilidade de renegociação
de forma direta.
Nesta opção, não há limite de renda como a de dois salários
mínimos da Faixa 1. Por este motivo, as operações desta turma não vão ter a
garantia do Fundo FGO, como no caso do público da Faixa 1.
Nesse caso, o governo oferece às instituições financeiras, em
troca de descontos nas dívidas, um incentivo para que aumentem a oferta de
crédito.
O Ministério da Fazenda (MF) ainda vai definir se haverá
algum limite e para qual público será permitida a renegociação nesta faixa.
Estas regras adicionais serão definidas em portaria que deve ser publicada nos
próximos dias.
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