Nova alíquota do imposto é, em média, R$ 0,20 por litro
superior à cobrada em maio
"O novo ICMS da gasolina entra em vigor nesta
quinta-feira (1º), com expectativa de aumento no preço do combustível na maior
parte do país, já que a nova alíquota é R$ 0,20 por litro superior à média
cobrada no modelo anterior.
O imposto passa a ser cobrado apenas na etapa da produção ou
importação e com uma única alíquota para todo o território nacional, em reais
por litro —em vez de percentuais sobre o preço de vendas do produto.
O novo modelo foi aprovado pelo Congresso em março de 2022,
com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do setor de combustíveis, que
vê menor risco de fraudes com uma alíquota única em todos os estados.
O novo modelo já funciona para diesel e gás de botijão desde
abril. No caso da gasolina, os estados chegaram a propor uma alíquota de R$
1,45 por litro, o que pressionaria ainda mais o preço de bomba, mas recuaram
para R$ 1,22 após acordo com o STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo cálculos do consultor Dietmar Schupp, especialista em
tributação de combustíveis, 22 estados e o Distrito Federal praticavam valores
inferiores à nova alíquota e, portanto, devem experimentar aumentos de preços.
Em três, Amazonas, Piauí e Alagoas, a alíquota era maior
e preço deve cair. Em Roraima, não deve haver variação.
O estado com a maior expectativa de alta no preço é Mato
Grosso do Sul (R$ 0,30 por litro), o que representaria aumento e 6% sobre o
valor médio nos postos locais, de R$ 4,94 por litro. Em outros dez estados, a
alta esperada é superior à média nacional, situando-se entre R$ 0,25 e R$ 0,29
por litro.
Em São Paulo, a nova alíquota é R$ 0,26 por litro superior à
cobrada atualmente. No Rio de Janeiro, a diferença é de R$ 0,11 por litro.
VEJA A DIFERENÇA POR ESTADO:
Em julho, o preço da gasolina volta a ser pressionado pela
retomada integral dos impostos federais sobre o combustível, que haviam sido
zerados por Bolsonaro e retomados parcialmente por Lula em março.
São R$ 0,34 por litro de PIS/Cofins. O ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, chegou a dizer que a Petrobras havia segurado parte do corte
para compensar o aumento de impostos, mas voltou atrás após negativa da
estatal.
As duas mudanças pressionam a inflação do ano. Segundo a
economista Claudia Moreno, do C6 Bank, o novo ICMS representa impacto de 0,22
ponto percentual no IPCA, e a volta do imposto, de 0,35 ponto percentual.
"As duas medidas juntas devem gerar um impacto de 0,57
ponto na inflação fechada de 2023. No entanto, isso não muda nossa previsão de
6% para o IPCA de 2023", diz ela, ressaltando que já havia incorporado as
mudanças na previsão.
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