Marido da vítima fugiu e foi apreendido na quarta (26), no
Espírito Santo.
— Max Ribeiro (@max_ribe_29) July 27, 2023
O pai da adolescente Hyara Flor Santos Alves, morta aos 14
anos na cidade de Guaratinga, extremo sul da Bahia, disse nesta quinta-feira
(27), que tem medo de ser assassinado pela família do suspeito de cometer o ato
infracional. O marido da vítima foi apreendido na quarta (26), no Espírito
Santo.
“Eu clamo por justiça para que pelo menos o meu coração e de
minha esposa tenha um pouco de alívio. Para não mandarem me matar, porque ele
solto, pode fazer isso, tem dinheiro demais”, disse Hiago Alves.
“Ele sabe onde estou e a gente tem medo disso”, ressaltou.
A Polícia Civil confirmou, nesta quinta-feira (27), que o
marido de Hyara Flor será transferido do Espírito Santo, onde foi apreendido,
para a Bahia.
Segundo a polícia, ainda não há prazo para que o suspeito,
que também tem 14 anos, seja transferido de estado. O período inicial da
apreensão do marido de Hyara Flor é de 45 dias.
Pai de Hyara Flor diz temer pela vida — Foto: Redes sociais |
O pai do adolescente, identificado como Júnior Silva Alves,
conhecido como "Amorim" pelos ciganos, se pronunciou após a
apreensão. Ele gravou um vídeo em que alegou que o tiro foi disparado
acidentalmente por outro filho dele, irmão do esposo da vítima.
“Ele [o adolescente apreendido] não tem nada a ver com esse
caso. A perícia tem que mostrar a verdade para a Polícia Federal. O fato que
aconteceu foi J.D. [iniciais da criança], que é meu filho e cunhado de Hyara,
brincando com a arma e teve um disparo acidental”, disse Júnior Silva Alves.
O pai do suspeito afirmou ainda que ama Hyara Flor e contou
que acredita que a versão apresentada por ele será provada.
A família da vítima acredita que o crime foi um ato de
vingança, mas a informação não foi confirmada pela polícia de Guaratinga, que
investiga o caso.
“Eu desejo, de coração, que a justiça seja feita e que eles
paguem pelo que fez atrás das grades. O pai e o filho. Eu creio que o mandante
é pior do que quem mata. Eles premeditaram o crime contra minha filha, então eu
peço justiça”, contou Hiago Alves, pai de Hyara Flor.
Adolescente apreendido
O adolescente suspeito do crime foi encontrado em Vila Velha,
no Espírito Santo, e por também ter menos de 18 anos, foi levado à Delegacia
Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei.
Conforme foi informado pela polícia, ele é suspeito de
cometer um ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado
(feminicídio). A adolescente da comunidade cigana foi baleada no dia 6 de
julho, dentro da própria casa.
Logo após o crime, o marido e os familiares dele fugiram
da cidade. A polícia rastreou o veículo e descobriu que o grupo evitou
rodovias movimentadas e seguiu por pequenas cidades da Bahia e do Espírito
Santo, até Vitória. Na capital capixaba, tentaram ficar na casa de parentes.
Desde então, a polícia tentava localizar o suspeito e a
família dele. Na quarta, o delegado responsável pelo caso, Robson Andrade,
confirmou que ele havia sido apreendido. Posteriormente, a Polícia Federal do
Espírito Santo enviou uma nota, comunicando a apreensão do garoto.
O pai da adolescente, Hiago Alves, comemorou a apreensão do
suspeito com um vídeo publicado nas redes sociais.
Na publicação, ele diz que "todos foram
presos". Apesar disso, a única informação divulgada pela polícia é que
o adolescente foi apreendido. Além disso, não há nenhum mandado de prisão contra
os familiares do suspeito.
Em contato com a advogada da família de Hyara, Janaína
Panhossi, que afirmou que a família do suspeito também foi encontrada.
Entretanto, essa informação não foi confirmada pela Polícia Federal.
Motivação é investigada
Segundo a família de Hyara, a morte da adolescente foi uma
vingança planejada. O
tio e a sogra dela tinham um relacionamento extraconjugal, o que já era sabido
pela comunidade cigana, inclusive pelos parentes da vítima. Apesar disso, o
casamento de Hyara e do suspeito foi concedido porque, meses antes, a garota
teve um noivado desmanchado. Na comunidade, situações como essa não são bem
vistas e, por isso, o pai da menina aprovou o segundo noivado, dessa vez com o
adolescente de 14 anos.
“Eles aproveitaram a fragilidade de minha filha ter terminado
um noivado. Ele já me pediu (a mão da filha) e eu disse: 'dou tranquilo'. Ele
(o pai do suspeito) aproveitou o momento", disse Hiago Alves, pai de
Hyara.
O assassinato aconteceu apenas 45 dias após o casamento dos
adolescentes.
Um laudo da perícia apontou que o tiro foi feito por alguém
a, no máximo, 25 centímetros de distância. Apesar disso, não se sabe se o
disparo foi acidental ou não.