Regilânio da Silva Inácio, de 42 anos, teve um deslocamento
de vértebras provocado pelo peso de 150 kg; procedimento cirúrgico foi
considerado um sucesso pela equipe médica
Regilânio da Silva Inácio, de 42 anos, passou por cirurgia para realinhar a coluna vertebral — Foto: Arquivo pessoal
O procedimento cirúrgico pelo qual passou Regilânio da Silva
Inácio, de 42 anos, foi considerado como bem-sucedido pela equipe médica que
atendeu o motorista de aplicativo no Hospital Santo Antônio, em Juazeiro do
Norte. O paciente se lesionou na última sexta-feira quando foi atingido por um
aparelho de musculação, em uma academia de ginástica. Ele passou por uma
cirurgia e tem menos de 1% de chance de voltar a andar.
Homem atingido por aparelho em academia passa por cirurgia
A cirurgia foi realizada no sábado e "ficou dentro da
perspectiva médica", conforme disse ao GLOBO o neurocirurgião Ronaldo
Ferreira, um dos profissionais que realizaram o procedimento.
Duas imagens de raio-x recebidas pelo GLOBO da família de
Regilânio demonstram o sucesso da intervenção cirúrgica. A primeira, feita
antes do procedimento, revela a coluna vertebral do paciente fraturada entre as
vértebras T12 (fim da parte torácica) e L1 (início da parte lombar).
Já na segunda imagem é possível verificar que a coluna
vertebral de Regilânio voltou a ficar alinhada. O raio-x também mostra alguns
dos 12 parafusos metálicos de titânio colocados na área fraturada. Esses pinos
dão sustentação para uma placa posicionada na parte posterior da coluna
vertebral.
O que é listese?
Regilânio sofreu o mais grave tipo de lesão na coluna
vertebral: uma listese. Trata-se de um deslocamento das vértebras,
o que provoca fortes dores e compromete a medula espinhal, podendo resultar na
perda de movimentos.
O peso do aparelho, que estava com carga de 150 kg, caiu
sobre as costas de Regilânio. A vértebra inferior (L1) se deslocou para trás em
relação à vértebra superior (T12).
Como é realizada a cirurgia para tratar listese?
Para reverter esse quadro, Regilânio foi submetido à
cirurgia. O procedimento é convencional para este tipo de lesão, e não
específica para este caso. O objetivo é de realinhar e estabilizar a
coluna vertebral.
Infográfico mostra como foi a fratura e a cirurgia em aluno de academia que teve a coluna lesionada por aparelho — Foto: Editoria de Arte
Coordenador de Neurocirurgia do Hospital Santo Antônio, de
Juazeiro do Norte, o médico João Ananias descreveu como é o tratamento genérico
para este tipo de fratura.
— O objetivo deste tipo de cirurgia é estabilizar, porque do
jeito que estava, ele não poderia nem sentar, porque havia um deslocamento
vertebral. Então você pega três vértebras acima e três vértebras abaixo e
coloca parafusos e uma haste, uma placa que fica fixando, e torna aquele
segmento rígido — explicou Ananias.
Prognóstico neurológico
A cirurgia pela qual passou Regilânio estabiliza a coluna
vertebral. No entanto, ela não muda o prognóstico neurológico.
— Entre essas duas vértebras passa a medula espinhal. A
medula foi lesionada, a gente quanto a isso não tem o que fazer. Então o
objetivo dessa cirurgia é essencialmente estabilização a parte óssea — disse
Ananias.
O neurocirurgião José Correia Júnior, que participou da
cirurgia, disse ao GLOBO que ainda é prematuro saber se haverá regeneração da
medula.
— Saberemos em até 90 dias, nesse prazo podemos afirmar
alguma coisa. Neste momento, ainda é precoce avaliar, mas é um nível de lesão
bem grave mesmo — afirmou Júnior.
Menos de 1% de chance de voltar a andar
A família de Regilânio está ciente da gravidade da lesão. A
possibilidade de o paciente voltar a andar é de menos de 1%.
— Foi comunicado a família todos os detalhes e prognósticos
em relação ao tipo de fratura e em relação ao tipo de acometimento neurológico
do paciente, desde a admissão — acrescentou.
Em entrevista ao GLOBO, Maria das Dores da Silva Inácio, irmã
de Regilânio, relatou a forma como o paciente recebeu a notícia sobre sua
possibilidade de voltar a caminhar normalmente.
— Ele já sabe qual é a chance dele. Os médicos contaram antes
da cirurgia, quando tivemos que assinar um termo, eles tiveram que contar a
chance de andar. Aí você imagina: se a gente ficou arrasado, imagina ele, um
rapaz que trabalha, tem a vida ativa, vai para a academia, é motorista. É muito
difícil esse momento — disse Maria das Dores.
Maria Socorro Pereira Inácio, mulher do motorista de
aplicativo, disse ao UOL que o marido está consciente e, apesar de triste, ele
vai continuar na batalha da sua recuperação com o apoio dos filhos.
— Meu marido acordou com muita dor, está consciente de tudo o
que aconteceu, dentro das expectativas está bem, porém, triste com a
possibilidade de não voltar a andar. Nossos filhos estiveram aqui pela manhã,
isso que faz ele continuar na batalha — afirmou.
O que diz a academia
O motorista se lesionou na Academia 220 FIT. Em nota, o
estabelecimento afirmou que "de forma acidental, a máquina soltou-se
caindo sobre o aluno".
"O aparelho em questão se encontrava em perfeito estado
de funcionamento, visto que, a máquina foi adquirida a menos de 60 dias.
Salientamos que, são efetuadas manutenções periódicas em todos os
maquinários", informou a academia.