Segundo a Polícia Civil, o PCC se irritou com a operação,
porque a presença policial atrapalha o tráfico de drogas em comunidades do
Guarujá
Autoridades policiais ligadas à investigação sobre a morte do
soldado da Polícia Militar Patrick Bastos Reis afirmaram ao Metrópoles, em
reservado, que teria partido do Primeiro Comando da Capital (PCC) a ordem para
que Erickson David da Silva, o “Deivinho”, se entregasse à polícia. Ele é
apontado pela investigação como o autor do disparo que matou o soldado Reis no
último dia 27.
Após a morte de Patrick Reis, a Polícia Militar deu início à
Operação Escudo na Baixada Santista. Desde então, pelo menos 16 pessoas
morreram em intervenções policiais, de acordo com dados da Secretaria de
Segurança Pública.
Deivinho se entregou na noite do último domingo (30/7).
Antes, ele gravou um vídeo em que pedia para o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, e o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, pararem
com a “matança”. Em áudio obtido pelo Metrópoles, um homem dá instruções sobre
como o vídeo deveria ser gravado.
De acordo com um integrante da cúpula da Polícia Civil, a
operação nas comunidades do Guarujá começou a prejudicar o tráfico de drogas na
região, o que teria irritado o PCC.
A ordem para o Deivinho se entregar partiu do PCC, com
certeza. Isso por conta do que está acontecendo. A ação da polícia atrapalha o
comércio de drogas deles”, afirmou a autoridade policial ao Metrópoles.
Segundo ele, não há indícios de que os três presos pela morte
do soldado Reis eram do PCC. A principal suspeita é que eles “caminhassem
junto”. Além de Deivinho, estão presos seu irmão, Kauã Jazon da Silva, e um
homem identificado como Marco Antônio, o “Mazzaropi”.
“Se eles não se entregassem, seriam colocados no ‘prazo’
(lista de desafetos do PCC)”, completou.
Um integrante da Polícia Civil disse ao Metrópoles que a
orientação do PCC ia além do pedido para que Deivinho se entregasse. Os chefes
da organização criminosa na Baixada queriam ainda que o suspeito assumisse a
autoria do crime, o que não ocorreu.
“A orientação era que ele se entregasse e assumisse a autoria
do crime. Ele se entregou e não assumiu”, afirmou.
Depoimentos contraditórios
Em depoimento, Deivinho disse à polícia que o disparo que
atingiu o soldado Patrick Bastos Reis teria, na verdade, partido de Mazzaropi.
A versão é contestada pelos investigadores.
De acordo com a polícia, a suspeita é que Deivinho estivesse
fazendo a “vigia” de um ponto de venda de drogas. Mazzaropi seria o responsável
por entregar as drogas aos compradores. Kauã estaria em outro ponto da
comunidade, alertando sobre a movimentação de viaturas.