Antonio Carlos Alves da Silva, de 56 anos, foi atropelado enquanto pedalava uma bicicleta para comprar pão em Praia Grande (SP). O motorista foi identificado e permanece em liberdade.
O autônomo Antonio Carlos Alves da
Silva, de 56 anos, ficou tetraparético ao ser arremessado por um carro enquanto
pedalava uma bicicleta para comprar pão em Praia Grande, no litoral do São
Paulo. Ele morreu após complicações em decorrência do acidente, segundo a filha
Maria Angelita Germano da Silva. Uma câmera registrou o acidente.
"Que ele [motorista] pague pelo o que fez porque tirou uma
vida", disse a jovem.
Antonio Carlos morreu no último
domingo (3) na capital paulista após mais de quatro meses internado.
"Talvez, se meu pai fosse conhecido, poderia dar alguma coisa [punição ao
condutor]. [...] a única coisa que a gente quer é Justiça pelo o que ele fez. É
muito fácil tirar a vida de um pai de família", disse Maria.
O delegado do 3° Distrito Policial
(DP) responsável pelas investigações, Rodrigo Martins Iotti, que o inquérito
está próximo da conclusão. Depois, ele será encaminhado ao Poder Judiciário
para análise do Ministério Público.
O autor do atropelamento foi
identificado e permanece em liberdade, segundo o delegado. Se comprovado
que ele tenha conduzido o carro de forma imprudente e negligente, o homem será
responsabilizado criminalmente.
"Agora, com a morte da vítima,
passa a responder pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo
automotor", informou o delegado.
Sequelas
O autônomo sofreu o acidente em
janeiro deste ano. Uma semana após passar por uma cirurgia na coluna
cervical, por causa de um trauma raquimedular [agressão à medula espinhal que
pode implicar em danos neurológicos], Silva teve alta e foi morar com a filha
em São Paulo.
Já na capital paulista, o autônomo
foi diagnosticado com bexigoma, uma condição na qual a bexiga fica distendida
por acúmulo de urina. Após idas e vindas ao hospital, ele foi hospitalizado no
dia 11 de abril pela última vez por causa de uma pneumonia e água no
pulmão [edema pulmonar].
Dois dias depois, ele foi entubado.
Mas, segundo a filha, o pai não reagiu e foi submetido a traqueostomia após 15
dias. Sem apresentar melhora, Silva teve infecções no pulmão, sangue na urina e
fez tratamento com antibióticos que, segundo ela, eram fortes.
"Deu [infecção] de novo, aí
melhorou. Masm não deu uma semana e já estava com outra infecção no pulmão. [O
médico] falou que não ia dar remédio, que não faria mais efeito nele. Ele
estava tentando reagir, lutou muito", disse a filha.
Veja:
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Sem ajuda
Maria Angelita contou que entrou em
contato com o motorista que o atropelou para pedir ajuda com cadeira de rodas e
de banho, mas ele negou qualquer tipo de ajuda.
"Falou que não tinha como
ajudar, que não poderia fazer nada, que foi um acidente e que não foi por
mal. [Eram] coisas que ele precisaria porque pelo o que ele [motorista]
causou era o mínimo, né? Mas falou que não tinha condições, que não
ajudaria".
A filha ainda conta que o pai nunca
teve problema de saúde antes do acidente. "Ele andava, trabalhava, fazia
as coisas dele. Ele foi e levou metade da gente embora, só fica a
saudade. Ele era nossa coluna, a gente está morando em uma casa sem
coluna, só com as paredes em pé. Se der um vento, cai todo mundo".
Relembre o caso
O acidente aconteceu na Avenida
Hermenegildo Pereira de França, no Balneário Esmeralda, em 7 de janeiro. A
filha do autônomo contou que pai havia saído de casa com o objetivo de ir até
uma padaria no bairro. "Ele saiu de bicicleta para comprar pão,
mas nem chegou lá, pois o carro 'pegou ele' antes".
Nas imagens, obtidas pelo g1,
é possível ver que o autônomo atravessava a avenida de bicicleta quando foi
surpreendido pelo carro. Ele foi arremessado no ar por conta do impacto e, na
sequência, caiu imóvel no asfalto. Em seguida, tanto o motorista do veículo
quanto pessoas que estavam ao redor se aproximaram para tentar ajudá-lo.
Antonio Carlos Alves da Silva foi atropelado e arremessado por carro em Praia Grande (SP) — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal |
Tetraparesia
O médico neurocirurgião João Luis
Cabral Junior explicou que o procedimento cirúrgico tem o objetivo de 'fixar'
as vértebras, e o tratamento vai da analgesia [medicações para aliviar a dor]
até imobilizações e cirurgias, a depender do grau da lesão.
O profissional ressaltou
tetraparesia e tetraplegia são diferentes. Enquanto a primeira se caracteriza
pela "dormência e formigamento nos quatro membros", na segunda ocorre
a "abolição da força nos membros" [perda de movimentos].
Após o atropelamento, Antonio Carlos Alves da Silva ficou internado no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande (SP) — Foto: Arquivo Pessoal |
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