Rayssa de Sá foi assassinada a
tiros pelo ex-esposo na quinta-feira (21), em Belém, no Agreste da Paraíba.
O irmão de Rayssa de Sá, vítima de
feminicídio pelo secretário de Comunicação do município de Belém, no Agreste da
Paraíba, afirmou que a família não deixava ela sair sozinha para proteger a
estudante, desde a separação do casal. A jovem registrou em boletim de
ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra Betinho Barros uma semana
antes do crime. Ela passou a viver na casa dos avós, junto com a filha de 1 ano
e 3 meses, que também é filha do secretário.
“A gente não deixava ela ir pra
faculdade só, sempre acompanhada, dentro de casa sempre tinha alguém. A única
oportunidade que ele teve, ele realizou o que vinha prometendo fazer”, afirmou
Renan de Sá.
Outro irmão da vítima, Remysson de
Sá, que trabalha na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), relata que sempre
dava um jeito de acompanhar Rayssa até mesmo no campus onde ela estudava. Em
todos os momentos, um familiar de Rayssa estava com ela.
“Ela voltava junto comigo todos os
dias para a casa dos nossos avós, onde eu moro junto com eles. Nos dias que ela
ia para casa de nossa mãe, o padrasto buscava ela no ponto de ônibus, e quando
chegava em casa ficava com minha mãe. Não saía para lugar nenhum, pois estava
com medo dele fazer algum mal”, relatou Remysson.
A casa dos avós de Rayssa é na
cidade de Guarabira, mas o crime aconteceu na residência da mãe dela em Belém.
A polícia não sabe como o secretário Betinho Barros teve acesso ao local. Ele
tirou a própria vida após cometer o feminicídio.
A jovem cursava direito na UEPB, no
campus de Guarabira. De acordo com o irmão da vítima, a estudante realizava um
sonho ao cursar a graduação e afirmou para a mãe, na mesma semana do crime, que
estava realizada.
“Estudiosa, dedicada, realizou um
sonho. Ela disse pra minha mãe essa semana: mãe, eu não peço mais nada para o
meu Deus, ele já me deu tudo o que eu queria. Uma família e minha faculdade. Eu
sempre sonhei em ser doutora… e ela tava realizando”, destacou Renan de Sá.
De agressões verbais para agressões
físicas
De acordo com Remysson, a relação
entre Rayssa e Betinho no começo era tranquila, mas depois o homem começou a
tratar sua irmã de forma grosseira. As agressões verbais evoluíram para as agressões
físicas. O irmão afirma que a vítima foi empurrada na parede e chegou a ser
agredida com um cabo de vassoura.
Rayssa decidiu pedir o divórcio e
voltar para a casa dos familiares, após uma agressão que a deixou inconsciente.
Mas Betinho Barros continuou perseguindo a vítima até cometer o feminicídio.
“Ele começou a ameaçar ela. Onde
ela ia, ele ia atrás. Ele entrou na casa da minha mãe e ameaçou matá-la, disse
que ia vender tudo e comprar uma arma, e foi o que ele fez”, lamenta Remysson.
A vítima também deixou outra filha
de 5 anos, que não era filha do acusado.
Medida protetiva uma semana antes
do crime
Em boletim de ocorrência, feito na
semana anterior ao feminicídio, Rayssa Kathylle relata que Betinho Barros
enviou mensagens afirmando que estava vendendo os móveis da casa para comprar
uma arma e cometer o crime. O acusado não aceitava a separação e a perseguia
com recorrentes telefonemas e mensagens de texto.
A vítima denunciou e pediu medida
protetiva contra Betinho Barros no dia 13 de setembro, na Delegacia
Especializada em Atendimento à Mulher de Guarabira.
A medida protetiva de urgência
solicitada por Rayssa foi atendida no dia seguinte, dia 14 de setembro. O juiz
determinou o afastamento do acusado do lar ou local de convivência da vítima,
proibindo que ele se aproximasse da vítima e estabeleceu um limite mínimo de
200 metros. Betinho Barros também foi proibido de manter contato com a vítima
por meio de ligações telefônicas e envio de mensagens por celular (SMS), e-mail
e outras.
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