Gustavo Santana diz que não pensou duas vezes antes de
devolver o dinheiro. Especialista elogia a atitude e que não devolver o valor
pode ser um crime.
Um morador de Caldas Novas, no sul do estado, recebeu um
Pix de R$ 50 mil por engano e, mesmo desempregado, devolveu o valor para os
verdadeiros donos. Especialista afirma que Gustavo Santana agiu de forma
correta e explica que se alguém receber um dinheiro e não devolver, pode responder
criminalmente.
Conforme extrato da transferência, o Pix foi enviado para
Gustavo no dia 13 de outubro. Quem transferiu o valor para ele foi o pai do
Vinicius Eduardo Silva, moradores de Itumbiara, também no sul de Goiás,
quando ele estava pagando um carro que ele comprou e, por engano, errou o
último número da chave Pix.
“Nós fomos até Caldas Novas para comprar o carro e, durante
as negociações, meu pai foi transferir R$ 50 mil para o vendedor”, detalha
Vinicius.
O homem detalha que a chave Pix do vendedor era um número de
telefone, que tinha apenas o último dígito diferente da chave do Gustavo. “Na
euforia do momento, meu pai confirmou a transferência sem confirmar os dados”,
conta. Quando o vendedor avisou sobre o erro, a família de Vinicius se
desesperou.
“Todo mundo assustou e correu para o banco, mas disseram que
não podiam ajudar ou passar os dados de quem havia recebido o valor”, desabafa.
Desempregado, homem descobre que recebeu R$ 50 mil via PIX por engano e devolve quantia - Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera |
Devolução
Como a chave Pix era um número de telefone, Vinicius tentou
ligar e enviar mensagem. Gustavo conta que o celular estava carregando e não
viu as ligações e mensagem. Um hora depois ele pegou o aparelho e se assustou
com quantidade de mensagens e, inicialmente, pensou que era uma entrevista de
emprego.
“Tinham muitas mensagens, ligações e áudios. Na hora pensei
que era uma entrevista de emprego, pois eu estou procurando emprego”, revela.
Ao ver o conteúdo das mensagens, Gustavo ainda pensou que
poderia ser um golpe. “Pensei que era um golpe de Pix, mas quando abri a minha
conta tinha R$ 50 mil a mais e minha conta nunca teve tanto dinheiro”, afirma.
Após ouvir a história do Vinicius, ele não pensou duas vezes antes de devolver
o valor.
“Pelo próprio aplicativo do banco eu cliquei em devolver o
Pix e, na mesma hora, devolvi para não ter dor de cabeça”, disse.
Gustavo, o extrato do Pix e Vinicius - Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera |
Apropriação indébita
Gustavo realmente se livrou de uma dor de cabeça, pois,
segundo o advogado especialista em direitos e proteção de dados, Rafael Maciel,
a não devolução do valor pode se caracterizar como crime de apropriação
indébita e indevida. “É quando alguém pega para si algo que é de outra pessoa”,
explica.
Maciel elogia a atitude de Gustavo e ressalta que ela está
correta independente do valor da transferência. “Acredito que devolver é uma
questão de boa fé, ética e moral, pois o dinheiro não é da pessoa que recebeu.
Se ele não devolver e o dono denunciar, ela pode pegar até quatro anos de
prisão ”, disse.
Apesar do susto, a família de Vinícius se diz aliviada pela
devolução e agradece a atitude de Gustavo. “Ele estava em uma entrevista de
emprego e está tentando concursos. Como a movimentação é alta, ele perde a
isenção das taxas de concurso, estava sem saber o que fazer e pediu a nossa
ajuda”, finaliza.