Polícia Civil investiga o caso,
ocorrido em uma clínica particular; paciente tinha problema cardíaco
A Polícia Civil de Minas Gerais
investiga a morte de uma mulher de 32 anos durante um procedimento para a
retirada de DIU (dispositivo intrauterino) em uma clínica particular de
Matozinhos, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O caso aconteceu no sábado (4), mas
a família de Jéssica Marques Vieira registrou o boletim de ocorrência na
quarta-feira (8).
Segundo o documento, o atendimento
começou às 7 horas, mas até as 9h30 os familiares não tiveram informações da
paciente. Ao serem questionadas, auxiliares médicas somente disseram à família
que a situação dela não estava boa.
O boletim narra que, em seguida,
funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Matozinhos chegaram à
clínica com um desfibrilador. Em seguida, Jéssica foi transferida para a UPA.
A família disse aos militares que a
paciente foi colocada na ambulância com os lábios roxos e a pele pálida. Os
parentes afirmaram que, nesse momento, o médico responsável pelo procedimento
negou a morte de Jéssica. Lino Antônio Vieira, pai da mulher, ainda declarou
que só soube do óbito quando o rabecão chegou à UPA, por volta das 14 horas.
Em entrevista à reportagem, Vieira
contou que a filha tinha sopro cardíaco. O médico responsável pelo procedimento
é o mesmo cardiologista que a acompanhava. Segundo o pai, o especialista havia
indicado à paciente o uso de DIU para reduzir o consumo de medicamentos
anticoncepcionais. Ainda de acordo com Lino Vieira, após a morte de Jéssica, o
médico disse que a paciente passou mal durante a aplicação da anestesia.
O corpo de Jéssica Marques Vieira
foi sepultado no domingo (5). Ela deixou um filho.
A Prefeitura de Matozinhos informou
que "após os procedimentos de reanimação cardiopulmonar sem sucesso, foi
constatado o óbito da paciente. Devido a inespecificidade do caso e
desconhecimento dos procedimentos tomados na Clínica Med Center, o médico
plantonista solicitou remoção e avaliação do instituto médico Legal".
Sobre a documentação exigida para
funcionamento da Clínica Med Center, a Prefeitura informou que "em relação
ao alvará sanitário e ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES
não há nenhuma irregularidade e que está apta, também, para realizar exames
cardiológicos, com estrutura necessária para os primeiros socorros". No
entanto, a administração municipal informou que "não há permissão para a
unidade operar procedimento ginecológico".
Já o Conselho Regional de Medicina
do Estado de Minas Gerais disse que "apura todas as denúncias recebidas,
formais ou de ofício, por meio da abertura de procedimento administrativo para
apuração dos fatos" e que "médicos registrados nos CRMs estão
autorizados a realizar os procedimentos que entenderem necessários aos
pacientes, mas não podem anunciar-se como especialistas caso não tenham a
especialidade registrada no CRM de sua jurisdição, ficando sujeito às
penalidades aplicáveis".
A reportagem também procurou a
clínica e o médico e aguarda retorno.