Ele é popular na ceia de Natal dos brasileiros, mas muito
mistério ronda sua origem antes de chegar à mesa. Por questões de mercado, a
Perdigão costumava restringir bastante as informações disponíveis sobre o
Chester. Isso fez surgir uma série de mitos.
Algumas características foram atribuídas a ele na internet:
"transgênico", "monstro", "aberração". Outras
explicações mais complexas também circularam: "pseudoanimais em tubos
enormes cheios de líquidos semelhantes a placenta", "bicho sem alma,
sem coração... e sem cabeça", galo com "quase 1 metro de
altura", "ave 'doente', com problemas mentais, que come 24
horas".
O Chester®, na verdade, é uma marca registrada (por isso esse "R" ao lado do nome). Trata-se de um frango maior que o convencional. É diferente do peru, que também é uma ave, mas de outra espécie. A ave foi lançada oficialmente no mercado brasileiro em 1982.
Afinal, chester é de qual espécie?
Chester é um animal, mas não é uma espécie diferente de ave,
como o peru ou o avestruz, por exemplo. É a mesma espécie que o frango convencional.
"Raças diferentes". Elsio Figueiredo, pesquisador da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), afirmou ao UOL,
em entrevista em 2015, que é como o cachorro: existe o poodle e o pastor
alemão; eles são diferentes, mas ambos são cães, da mesma espécie.
Ave foi criada em laboratório?
Em 1979, a Perdigão enviou dois técnicos aos EUA em busca de
duas linhagens, uma de frango e outra de peru. O objetivo era diversificar os
produtos e disputar mercado com o peru da Sadia. Na época, as duas empresas
eram concorrentes; hoje, ambas pertencem à BRF.
Ave com mais peito, parte mais nobre do animal. De acordo com a Perdigão, foram
feitos vários cruzamentos entre frangos com características específicas até se
chegar a uma linhagem maior, com mais peito.
O Chester tem 70% da carne concentrada no peito e nas coxas, segundo a fabricante. Seu nome
vem de "chest", que significa peito em inglês.
Ele é transgênico?
O Chester foi criado por meio de melhoramento genético. O uso dessa técnica é muito comum na
indústria de alimentos.
O melhoramento genético é empregado pelo homem há mais de 10
mil anos, desde o início da agricultura, e funciona da seguinte forma: são
selecionados para cruzamento os animais ou plantas com as características
desejadas —por exemplo, maior resistência a doenças, maior produção de carne
etc.
A ideia é transmitir essas qualidades aos descendentes, criando uma "versão
melhorada" da mesma espécie. Por exemplo, plantas mais resistentes à seca,
vacas que produzem mais leite ou frangos com mais peito.
No melhoramento, a mudança acontece por meio do cruzamento
entre membros da mesma espécie ou de espécies compatíveis. É diferente do transgênico,
quando a modificação no código genético precisa ser feita por meio de
intervenção em laboratório.
É cheio de hormônios?
Não são usados hormônios para crescimento do Chester nem das
outras aves que consumimos, segundo o fabricante. Primeiramente, porque o uso
é proibido pelo Ministério da Agricultura desde 2004.
Além disso, não haveria sentido, porque os animais são
abatidos antes do tempo necessário para que as substâncias comecem a fazer
efeito. Isso
também tornaria a criação muito cara e não compensaria.
Segundo a Perdigão, a alimentação do Chester é 100% natural,
baseada em milho e soja, sem "adição de qualquer tipo de medicamento, antibiótico ou
hormônio anabolizante para aumentar o seu crescimento e desenvolvimento".
A marca afirma que a ave é abatida com maior peso e depois de
mais tempo do que o frango convencional. O tempo de criação ao abate é em
média de 60 dias. Ela também é criada em granjas com maior espaço para seu
crescimento.
Os animais sofrem?
Um mito comum a respeito do Chester é que, por ter o peito
muito grande, o animal sofre durante a vida e não consegue nem andar. O cruzamento de diferentes tipos de
frango pode, sim, gerar anomalias e levar ao sofrimento do animal. Porém, os
próprios produtores teriam interesse em evitar isso: um animal que não consegue
andar direito tende a comer e beber pouca água, prejudicando seu crescimento e
desenvolvimento, o que causaria prejuízo.
Concorrentes do frangão
Outras marcas brasileiras vendem equivalentes ao Chester® com
outros nomes, normalmente
chamados de aves natalinas ou frango especial. É o caso do Fiesta, da Seara, e
do Supreme, da Sadia.
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