Dentro e fora de casa os alimentos não duram para sempre e
podem se tornar impróprios para o consumo. Para além do vencimento do prazo de
validade inscrito na embalagem dos produtos industrializados, alterações de
sabor, cor, odor ou no aspecto geral do item a ser consumido sinalizam a sua
deterioração.
Embora nem sempre seja possível detectar, de pronto, a
proliferação de microrganismos e suas toxinas que contaminam os alimentos, eles
prejudicam a saúde e são a causa de mais de 250 tipos de doenças de transmissão
hídrica e alimentar (DTHA), mais conhecidas como intoxicação ou infecção
alimentares.
1 em cada 10 pessoas adoece por DTHA no mundo todos os anos,
segundo a OMS.
Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas ou alterações
no sistema de defesa do corpo são as mais vulneráveis ao problema.
O Brasil registrou mais de 155 mil casos, mais de 22 mil
internações e 152 óbitos relacionados às DTHA entre os anos de 2007 e 2020.
Dados do Ministério da Saúde.
Não é só questão de validade
Comida vencida pode ser definida como aquela cujo prazo de
validade se expirou e o fabricante já não pode garantir suas qualidades
nutricionais e sanitárias.
Considera-se também "vencido" —ou impróprio para o
consumo— todo alimento produzido e conservado de forma inadequada.
Isso significa que, em algum momento —desde a origem até a
sua mesa— podem ter sido ignoradas as boas práticas de higiene pessoal ou
alimentar, de organização, cozimento (ou pasteurização) e conservação. Veja
alguns exemplos:
Alimentos processados, manipulados ou preparados em ambientes
contaminados
Falta de higiene após o uso do banheiro, feridas ou
ferimentos em pessoas que manipulam esses itens na cozinha
Refrigeração inadequada, exposição à temperatura ambiente por
tempo excessivo e contaminação cruzada
Irrigação de vegetais com água contaminada
E como seu organismo reage?
O resultado de comer comida vencida entre pessoas saudáveis
pode se limitar a um passageiro mal-estar ou incômodo.
No entanto, algumas pessoas apresentarão sintomas mais
intensos poucas horas após a ingestão do alimento, e o quadro poderá durar por
5 dias, ou até 15 dias a depender do microrganismo.
Confira as manifestações mais frequentes do seu corpo diante
dessa situação:
- Sintomas
gastrointestinais
- Desidratação
- Botulismo
(mais raro)
O sistema digestivo contra-ataca
A maioria dos tipos de intoxicação alimentar causam
sintomas gastrointestinais, que podem variar a depender do agente causador do
problema. Em geral, poderão estar presentes os seguintes sintomas:
- Náusea
- Vômito
- Cólicas
- Diarreia
- Falta
de apetite
- Febre
Na maioria das vezes, ingerir líquidos em abundância e
repouso resolvem o problema. Nos quadros mais graves, o médico poderá sugerir o
uso de medicamentos, seja para o controle de sintomas como náuseas e vômitos,
seja para conter a infecção.
Durante a crise, prefira alimentos leves e cozidos para
facilitar a digestão, como carboidratos, frutas e legumes. Evite proteínas,
carnes mal passadas e condimentos.
O volume de água corporal despenca
Conforme o tipo e a quantidade de toxinas ingeridas, assim
como a espécie de microrganismo, comer comida vencida pode ter como
consequência uma infecção conhecida como gastroenterite, cujo principal sintoma
é a diarreia.
Quando à diarreia se soma o vômito, pode haver intensa perda
de água, o que aumenta a possibilidade de desidratação e desequilíbrio
eletrolítico (perda de minerais).
Esse quadro provoca alterações no organismo que resultam em
manifestações como fraqueza, cansaço, alterações no batimento cardíaco, boca
seca etc.
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Idosos e crianças merecem maior atenção, já que a gravidade
do quadro pode evoluir rapidamente comprometendo suas vidas.
O sistema nervoso central pode ser alcançado
Embora seja menos frequente, o botulismo é um tipo de
intoxicação grave causada pela ingestão de alimentos contaminados por toxinas
produzidas pela bactéria Clostridium botulinum que não tiveram
produção ou conservação adequadas.
De acordo com o Ministério da Saúde, dada a sua gravidade,
trata-se de uma enfermidade de notificação compulsória, ou seja, as autoridades
sanitárias devem ser informadas com rapidez para tomarem providências de
prevenção de novos casos na população.
- Itens
frequentemente relacionados: conservas vegetais artesanais (palmito, picles,
etc.); carnes cozidas, curadas ou defumadas (salsicha, presunto, etc.);
peixes defumados, salgados e fermentados; queijos e pastas de queijos.
Todos esses itens são frequentemente relacionados.
- Mais
raramente, alimentos enlatados industrializados.
Além dos sintomas gastrointestinais, os neurológicos estarão
presentes: visão dupla, dificuldade de focalizar objetos, queda da pálpebra,
boca seca, dificuldade de engolir.
Em geral, eles aparecem entre 18 e 36 horas após o consumo
—mas isso pode variar a depender da quantidade das toxinas ingeridas.
Muito microrganismo envolvido
Para que os agentes causadores de doenças possam entrar em
ação, basta pouco: a maioria dos alimentos contêm nutrientes e umidade
suficientes para que eles se multipliquem.
Daí a sugestão de conservá-los em temperatura adequada,
especialmente os perecíveis —e estar atento a medidas de higiene pessoal e
ambiental.
Esses microrganismos podem ser bactérias, vírus, toxinas,
parasitas, entre outros. No Brasil, entre os principais agentes causadores de
intoxicação alimentar (e de seus surtos), destacam-se:
- Clostridium
spp.
- Escherichia
coli
- Staphylococcus
aureus
- Norovírus/rotavírus
- Salmonella
spp.
- Staphylococcus
spp.
- Giardia
lamblia (giardíase)
- Entamoeba
histolytica (amebíase)
Fique de olho
Os especialistas consultados afirmam que alimentos ricos em
nutrientes, que possuem umidades mais altas e não foram cozidos a temperatura
mínima de 70ºC, ou que tiveram inadequado armazenamento e ainda apresentam
sinais de deterioração são os itens com maior potencial de causar intoxicação
alimentar.
Esteja atento aos seguintes itens:
- Carnes
e peixes crus ou malpassados
- Ovos
crus
- Frutos
do mar (como as ostras)
- Leite
não pasteurizado
- Bolos,
tortas ou salgados recheados, maionese e molhos que estejam em temperatura
ambiente
- Água
não filtrada
Caso tenha o hábito de comer fora de casa, aumente a
vigilância observando a higiene local, do pessoal que atende e também a forma
como os alimentos estão acondicionados.
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Prefira consumir maionese e outros molhos em sachês, evitando
conteúdos disponíveis em bisnagas ou em outras embalagens reutilizáveis.
Ih, tá vencido!
De acordo com especialistas do Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor), é raro que um item com data de validade expirada há 24
horas faça mal, desde que tenha sido conservado corretamente. A partir desse
prazo, porém, o fabricante já não pode se responsabilizar pela qualidade do
produto. A sugestão é não se arriscar.
Caso encontre na prateleira do supermercado algum alimento
vencido, avise o estabelecimento. Ele tem o dever legal de recolher o produto,
já que mantê-lo disponível para a comercialização pode ser considerado crime
contra as relações de consumo.
Fonte: Viver Bem UOL
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