Policiais militares foram filmados quebrando câmeras de
monitoramento na comunidade da Prainha, em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Policiais Militares quebraram câmeras de monitoramento — Foto: Reprodução/Redes Sociais |
A Polícia Militar informou que os agentes filmados quebrando
câmeras de monitoramento em uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo,
destruíram os equipamentos após denúncias de moradores sobre os aparelhos terem
sido instalados pelo crime organizado. O objetivo dos bandidos seria
"monitorar" as ações policiais.
O flagrante aconteceu durante patrulhamento na Rua Santo
Amaro, na comunidade da Prainha. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou investigar as imagens, que circulam nas
redes sociais.
A PM informou, também por meio de nota, que recebeu denúncias
de moradores da comunidade sobre o crime organizado ter "instalado
câmeras para monitorar as ações policiais e dificultar o trabalho das forças de
segurança no combate ao tráfico de drogas e a proteção da sociedade".
Ainda de acordo com a PM, na ação realizada na comunidade
foram retiradas barricadas, ofendículos [equipamentos utilizados para
resguardar o patrimônio, como cacos de vidro sobre muros] e outros objetos não
especificados que, segundo a corporação, impediam ou prejudicavam a
presença policial.
A Polícia Militar ressaltou que atua "de acordo com o
estudo de dados e informações de inteligência de Segurança e Ordem
Pública".
Ainda de acordo com a corporação, o objetivo dos agentes é identificar, avaliar, monitorar, mitigar [tornar menos intenso] e reprimir fenômenos criminais e não criminais que possuem "potencial de romper com a ordem pública".
— Max Ribeiro (@max_ribe_29) February 21, 2024
Câmeras destruídas
As imagens mostram o momento em que um policial pega uma grade
de metal, ao lado de uma caçamba de lixo. Outro PM utiliza o
equipamento como escada para chegar na câmera e, em seguida, atinge o
equipamento com um pedaço de madeira. Um colega de farda ainda
aparece puxando e destruindo outra câmera.
Ao menos seis policiais participaram da destruição das
câmeras de monitoramento. Um homem de blusa preta, que não foi identificado,
também aparece nas imagens enquanto assiste a ação dos PMs.
Secretaria de Segurança de SP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
(SSP-SP) afirmou que as imagens estão sendo analisadas para identificar os
policiais envolvidos. Anteriormente à nota da PM, a pasta havia dito que a
atitude dos policiais não condiz com a conduta da corporação.
"As forças de segurança do Estado são instituições
legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional",
afirmou a SSP-SP, em nota.
A autoridade policial destacou ainda que a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para formalizar e apurar as denúncias contra agentes públicos. A SSP-SP destacou que a corporação tem compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.
José Silveira dos Santos (à esq.) e Samuel Wesley Cosmo (à dir.) — Foto: Reprodução |
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde
dezembro de 2023. No entanto, as 2ª e 3ª fases, que, respectivamente, contaram
com reforço policial e instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos,
foram decretadas logo após os assassinatos do soldado PM Samuel Wesley Cosmo,
no último dia 2, e do cabo José Silveira dos Santos, no dia 7 de fevereiro.
A atual fase da operação, inclusive, contou com a presença do
gabinete da SSP-SP na região. A pasta esteve sediada na Baixada Santista
durante 13 dias. Desde o último dia 7 deste mês, 28 suspeitos morreram em
confrontos com a polícia.
Ainda de acordo com a SSP-SP, até o momento, mais de 681
pessoas foram presas, sendo 254 delas procuradas pela Justiça por algum tipo de
crime. A pasta afirmou também que, além disso, quase meia tonelada de drogas
foi apreendida, e 79 armas ilegais foram retiradas das ruas.
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas
Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu na última sexta-feira
(16) à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da operação policial na região
e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.