Adolescente usou o celular de Flávia dos Santos Carneiro para falar com familiares e colegas de trabalho. Namorado da filha da vítima foi preso pela polícia e confessou o crime.
Flávia dos Santos Carneiro foi assassinada pelo genro e crime teve a participação da própria filha — Foto: Arquivo pessoal |
A adolescente de 13 anos que foi apreendida e confessou ter
participado da morte da própria mãe disse em depoimento que usou o celular da
vítima para tranquilizar familiares e colegas de trabalho dela, para que não
desconfiassem do crime. Flávia dos Santos Carneiro, de 43 anos, foi assassinada
e o corpo foi colocado dentro de uma geladeira. O namorado da adolescente foi
preso e confessou o crime.
O delegado Thiago Prado disse nesta quarta-feira (6) que a menina enviou várias mensagens através do WhatsApp para pessoas conhecidas da mãe. O assassinato foi cometido na sexta (1) e o corpo da vítima ficou dentro da geladeira por quatro dias, até o eletrodoméstico ser descartado em uma área de mata.
"Ela disse lá no local de trabalho da Flávia que não
iria trabalhar porque estava se sentindo mal e estava de atestado médico. De
modo que nem os colegas de trabalho, nem familiares, nem amigos sentiram a
falta da Flávia. Acharam, portanto, que era justificável o fato de ela não
estar aparecendo, quando na realidade tudo era feito pela própria filha",
disse o delegado.
O corpo de Flávia foi descoberto por um homem que trabalha
com serviço de frete e foi contratado pelos envolvidos no crime para fazer uma
mudança do Jacintinho para o Benedito Bentes, em Maceió.
Ele desconfiou da geladeira lacrada com fitas adesivas e
acionou a polícia. Horas depois, o pai do homem que contratou o serviço de
frete foi preso e a filha da vítima foi apreendida. O namorado dela, que
cometeu o crime, também foi preso.
Proibição de entrar na casa da vítima e frieza da filha
O delegado disse ainda que o namorado é usuário de
drogas e esse era um dos motivos para que a mãe rejeitasse o relacionamento. As
brigas eram constantes e o último conflito entre mãe e genro aconteceu no
carnaval, quando Flávia o proibiu de entrar na casa dela. Porém, na sexta-feira
ela voltou mais cedo do trabalho e flagrou o jovem no imóvel e isso foi o
estopim para a briga que terminou em morte.
"Segundo relato do namorado, a adolescente teria contido
a mãe, segurando os braços dela, e passou a faca para ele, que, pela região
posterior do corpo [da vítima], efetuou diversos golpes no crânio, na região do
pescoço e do tórax", disse Thiago Prado.
O delegado falou ainda sobre a frieza da adolescente ao
narrar os fatos.
"Pelo menos na nossa ótica, não detectamos isso [arrependimento], não vimos uma lágrima escorrer de seus olhos o que demonstra que ela cometeu o ato bastante segura do que estava fazendo e após o ato, ela se manteve também segura", relatou o delegado Thiago Prado.
Família tinha relacionamento conflituoso
Ao ser questionado sobre familiares da vítima, o delegado
revelou que testemunhas disseram que o contexto familiar era bastante
conflituoso. Um filho maior de idade deixou de morar com a mãe e a irmã por
causa das brigas constantes do namorado da adolescente com elas.
"Ele disse que saiu de casa porque não aguentava mais
essas brigas, esses conflitos, essas agressões que estavam acontecendo",
explicou.
Sobre o pai da adolescente, Thiago Prado disse que ele não
mantinha contato com a família há anos. Foi feito contato com ele após o crime
informando sobre os detalhes e que a filha estava apreendida na delegacia,
porém o pai disse que preferia não se envolver com a situação.
Estupro de vulnerável
Como a adolescente é menor de idade, o caso também foi
repassado para a Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente, uma vez
que foi detectado que a menina de 13 anos mantinha relação sexual com o
namorado, que tem 22 anos.
"Isso repercute na prática de crime de estupro de
vulnerável. Ela foi submetida a exame de corpo de delito e conjunção carnal e
tudo isso foi encaminhado para a delegacia para que seja investigado o
crime", explicou Thiago Prado.
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