Mulher de 86 anos foi ao hospital com dores e precisou de
cirurgia para a retirada de “massa abdominal”
Feto mumificado no abdômen de paciente do Hospital Regional de Ponta Porã (MS) (Foto: Tomografia/Reprodução) |
Caso raríssimo surpreendeu a equipe médica do Hospital
Regional de Ponta Porã, cidade fronteiriça de Mato Grosso do Sul, na semana
passada. Internada com dores, paciente de 86 anos descobriu que, há cinco
décadas, “guardava” no útero um feto mumificado. Ela precisou ser submetida a
uma cirurgia para a retirada da “massa abdominal”, foi levada para uma UTI
(Unidade de Tratamento Intensivo) e morreu dias depois.
A suspeita é que o feto papiráceo, quando ocorre espécie de
calcificação do bebê morto, estivesse com a paciente há pelo menos 56 anos,
quando ela teve o último parto. Situações como essa podem acontecer em
gestações de um ou mais fetos. Quando um deles morre, o organismo pode
rapidamente absorver os fluídos fetais, fazendo com que haja o
"sumiço" parcial ou total daquela formação.
A chama SGD (Síndrome do Gêmeo Desaparecido) é mais comum do
que se pensa. Para o Whitecast, podcast especializado em conteúdo médico, o
ginecologista e obstetra formado pela Universidade Estadual de Londrina, João
Marcelo Coluna, explicou que cerca de 50% das gestações gemelares chegam ao fim
com apenas um dos bebês. Quando não há o desaparecimento por completo, pode
haver formação do feto papiráceo.
— Max Ribeiro (@max_ribe_29) March 19, 2024
Ainda conforme a apuração do Portal Campo Grande News, a
equipe do HR de Ponta Porã chegou a suspeitar que a paciente idosa estivesse
com câncer, mas uma tomografia computadorizada em 3D revelou o feto
calcificado. O diagnóstico foi fechado na quinta-feira passada, dia 14 de
março.
À reportagem, o secretário de Saúde da cidade, Patrick Derzi,
confirmou o caso raro registrado na unidade hospitalar. “Conversei com o médico
hoje [18 de março]. Ela deu entrada no hospital por outro motivo, alguma
infecção e dores abdominais. Antes disso, nunca teve queixa”.
Ele não soube dar detalhes como quando foi a cirurgia, quanto
tempo levou e o que fez a paciente ir a óbito. O secretário, que também é
médico, explicou que o responsável pela paciente teve autorização da família
dela para publicar artigo científico sobre o feto papiráceo.