A cobra da espécie píton produz muita carne com pouca comida
e água, o que a tornaria um animal modelo para o clima, segundo pesquisadores
Cobra em galho — Foto: Unplash
Você mudaria sua alimentação pelo bem do planeta? Segundo
pesquisadores que estudaram duas espécies de píton (Malaypython reticulatus e
Python bivittatus) criadas em fazendas de cobras no Vietnã e na Tailândia, onde
a iguaria é muito valorizada, essas cobras são um dos animais cuja carne é
“mais ecologicamente correta”, aponta artigo publicado na Nature.
Estes répteis rastejantes são campeões do clima porque eles
precisam de menos comida para produzir um quilo de carne do que outros animais,
como frango, carne bovina, suína ou peixe de cativeiro. Nem mesmo os gafanhotos
(proteína de insetos também desponta como uma alternativa ecológica) são páreos
para as pítons, concluíram os pesquisadores da Epic Biodiversity, consultoria
australiana que realiza pesquisas em sustentabilidade e biodiversidade.
Sopa de cobra: iguaria tem preparo versátil na cozinha. — Foto: GettyImages
"O nosso estudo sugere que a criação de pítons pode não
só complementar os sistemas pecuários existentes, mas também oferecer melhores
retornos em termos de eficiência de produção", escrevem os autores. Eles
destacam que mesmo no seu formato atual relativamente rudimentar, o cultivo de
pítons parece oferecer benefícios tangíveis para a sustentabilidade e a
resiliência dos sistemas alimentares.
Mas é possível ir além. "Para explorar esse potencial,
precisamos urgentemente de mais pesquisas sobre o potencial agrícola dos
répteis e sobre as formas mais eficazes e humanas de produzir este novo grupo
de animais para abate". O tamanho corporal médio da espécie é de 4,78
metros, entretanto alguns indivíduos já atingiram 9 metros.
Para chegar a esta conclusão, a equipe liderada por Daniel
Natusch avaliou o crescimento de mais de 4.600 pítons ao longo de um ano,
pesando a quantidade de comida que lhes foi dada e a massa convertida em carne.
Esses dados foram comparados com os de outros animais. Além de uma excelente
relação de conversão, a píton tem outras vantagens: precisa de muito pouca água
e “pode jejuar por longos períodos sem perder massa corporal, o que significa
que requer menos cuidados dos criadores do que outros animais”, destaca o
jornal americano Washington Post.