Além de fugas de presídio, alguns procurados pela Justiça
ficaram semanas, meses e até anos fugindo da polícia antes de serem capturados.
Lázaro Barbosa, Paulo Cupertino e Danilo Cavalcante. — Foto: Reprodução |
A busca pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró
(RN) chegou ao fim nesta nesta quinta-feira (4) com a captura de Rogério
da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento em
Marabá (PA). Ao todo, foram 50 dias fugindo da polícia, o que fez a dupla
entrar na lista das maiores buscas feitas contra brasileiros.
A operação de buscas chegou a mobilizar mais de 600 agentes
de segurança. Depois de um mês e meio, os cem agentes da Força Nacional
deixaram o Rio Grande do Norte e houve uma mudança de estratégia, com ajuda da
área da inteligência, terminando no monitoramento de veículos e prisão.
Relembre abaixo algumas das fugas de brasileiros, no Brasil e
no exterior, que deixaram as autoridades por semanas, meses e até anos em busca
dos fugitivos.
🧶 Relembre os casos:
🗓️ Tempo de fuga: 50 dias
🚔 Motivo: fuga de presídio federal
Fugitivos de Mossoró são recapturados — Foto: Divulgação/PF |
Rogério Mendonça e Deibson Nascimento fugiram do presídio em
14 de fevereiro, após abrirem passagem por um buraco atrás de uma luminária.
Eles cortaram duas cercas de arame usando ferramentas de uma obra que ocorria
no local para escapar. Esta foi a primeira fuga na história do sistema
penitenciário federal desde a sua criação, em 2006.
Após 50 dias, os dois foram recapturados em Marabá, no Pará. Após a prisão, a dupla foi enviada novamente para o presídio de Mossoró.
🚨 Lázaro Barbosa (2021)
Fotos de Lázaro Barbosa divulgadas pela Polícia Civil — Foto: Montagem G1 |
🗓️ Tempo de fuga: 20 dias
🚔 Motivo: procurado por assassinatos em série
O assassino em série Lázaro Barbosa foi responsável por
uma das mais emblemáticas buscas a criminosos em território brasileiro. Ele
tinha 32 anos e, segundo as investigações, matou quatro pessoas de uma
família em Ceilândia no dia 9 de junho de 2021. Ele fugiu para Cocalzinho
de Goiás em um carro roubado e passou a se esconder na mata.
A polícia divulgou que o fugitivo era suspeito de mais de 30
crimes em Goiás, Bahia e Distrito Federal. Entre eles, estavam homicídio,
estupro e roubo.
As buscas por Lázaro contou com uma força-tarefa com mais de
270 agentes.
Durante as buscas a Lázaro, policiais chegaram a trocar tiros com ele. Uma família foi feita refém e resgatada da mata sem ferimentos. No 20º dia, após uma longa operação, ele entrou novamente em confronto com policiais em Águas Lindas de Goiás e morreu após ser baleado.
🚨Danilo Cavalcante (2023)
O brasileiro Danilo Cavalcante, que ficou duas semanas foragido nos EUA — Foto: Matt Rourke/AP |
🗓️ Tempo de fuga: 14 dias
🚔 Motivo: fuga da prisão
Condenado a prisão perpétua nos Estados Unidos, o brasileiro
Danilo Cavalcante fugiu de uma penitenciária na Pensilvânia e deixou os
moradores da região em pânico. Preso por matar a ex-namorada, Danilo escalou as
paredes da prisão para fugir.
A captura ocorreu no 14º dia das buscas após uma megaoperação que envolveu 500 policiais, a participação do FBI e o fechamento de escolas e parques. Mesmo assim, Cavalcante conseguiu caminhar por 38 quilômetros, roubar uma van e um rifle e trocar tiros com um morador.
🚨 Paulo Cupertino (2019-2022)
Paulo Cupertino foi preso em SP após ficar quase 3 anos foragido — Foto: Reprodução |
🗓️ Tempo de fuga: 1.072 dias
🚔 Motivo: investigação de triplo
homicídio
O ator Rafael Henrique Miguel, de 22 anos, e seus pais foram
assassinados a tiros em São Paulo. O Ministério Público apontou como
atirador o comerciante Paulo Cupertino Matias, pai da namorada do jovem.
Rafael interpretou o personagem Paçoca na novela
"Chiquititas" e atuou em um famoso comercial em que uma criança pede
brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e
o especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.
Cupertino ficou quase três anos foragido e se tornou o
número 1 na lista de criminosos mais perigosos de SP.
Segundo a investigação, ele usou nomes falsos, passou por
mais de 300 endereços no Brasil, no Paraguai e na Argentina até ser detido em
um hotel em Interlagos, na Zona Sul da capital paulista.
Além de ocultar seu rosto com chapéu e máscaras, o empresário tinha outra técnica para evitar ser reconhecido: nunca olhava para as câmeras do hotel. No quarto, policiais encontraram, além de roupas, uma bengala, três chapéus, lentes de contato azuis e uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsificada.
🚨Roger Abdelmassih (2011-2014)
Após ser preso, Roger Abdelmassih faz foto de identificação no Paraguai — Foto: Divulgação/Senad |
🗓️ Tempo de fuga: 1.157 dias
🚔 Motivo: investigação por estupro e
atentado violento ao pudor
O ex-médico Roger Abdelmassih foi preso em agosto de 2014 na
cidade de Assunção, no Paraguai, após não se apresentar à polícia em 2011. Ele
foi condenado em 2010 a 278 anos de reclusão por estupro e atentado violento ao
pudor contra 37 vítimas. Após ter um habeas corpus revogado, ele tentou
renovar o passaporte, o que sugeria a fuga.
Depois da condenação e da fuga, passou a ser um dos
criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A
recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.
Ele foi preso por agentes ligados à Secretaria Nacional de
Antidrogas do governo paraguaio, com apoio da Polícia Federal brasileira.
🚨 Leonardo Rodrigues Pareja (1995)
Leonardo Pareja durante rebelião no antigo Cepaigo, em Aparecida de Goiânia, Goiás — Foto: Lorisvaldo de Paula/O Popular |
🗓️ Tempo de fuga: 39 dias
🚔 Motivo: sequestro de adolescente
Em 1995, Leonardo Rodrigues Pareja, aos 21 anos, assaltou um
hotel na Bahia e fez uma adolescente refém durante três dias. A vítima tinha 16
anos e era sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães. Após libertar a
garota, ele passou mais de um mês fugindo.
Depois de percorrer três estados, se entregou em Goiás, mas
não ficou longe dos holofotes:
- já
preso, o criminoso comandou uma rebelião que durou seis dias;
- na
rebelião, Leonardo fugiu e levou seis reféns;
- durante
a fuga, ele parou em um bar, deu autógrafos e comprou cigarros e bebidas;
- foi
recapturado um dia depois.
Pareja foi morto na cadeia em 1996 após informar à direção da
unidade sobre um plano de fuga de alguns presos.
🚨 Jorgina de Freitas (1992-1997)
Jorgina de Freitas — Foto: Reprodução/Arquivo/Globo |
🗓️ Tempo de fuga: aproximadamente 1.970 dias
🚔 Motivo: fraude na Previdência Social
A advogada e procuradora Jorgina de Freitas foi responsável,
nos anos 1990, pela maior fraude contra a Previdência Social ocorrida no
Brasil. Condenada em julho de 1992 a 14 anos de prisão, em regime
inicialmente fechado, ficou foragida até 1997, quando foi encontrada na Costa
Rica e extraditada no ano seguinte.
O esquema de desvio de verbas de aposentadorias foi
estimado US$ 500 milhões, segundo a Procuradoria-Geral do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS). Posteriormente, a Advocacia-Geral da União
afirmou que a fraude foi da ordem de aproximadamente R$ 2 bilhões.
O esquema ficou conhecido como o “escândalo da previdência”.
A advogada foi presa em fevereiro de 1998 no Brasil e, em 2001 perdeu o direito
à prisão especial com a cassação do registro da OAB. Foi transferida para uma
cela com outras detentas no presídio Nelson Hungria, no Complexo Frei Caneca,
também no Rio.
Em junho de 2010, uma sentença declarou extinta a pena. O
alvará de soltura foi expedido no mesmo mês e Jorgina conseguiu a liberdade.
Ela morreu em 2022 após ser internada por causa de um acidente de carro
ocorrido em 2021.
🚨 Paulo César Farias (1993)
O empresário Paulo Cesar Farias, o "PC Farias", fala ao telefone em Brasília em foto de junho de 1995. — Foto: Dida Sampaio/AE |
🗓️ Tempo de fuga: 133 dias
🚔 Motivo: investigação por sonegação
fiscal e falsidade ideológica
Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor
de Mello, foi indiciado em 41 inquéritos criminais e teve sua prisão decretada
em 31 de junho de 1993, meses depois do impeachment do ex-presidente. Acusado
de ter montado uma rede de tráfico de influências e corrupção no governo
federal, PC Farias negou seu envolvimento e fugiu do Brasil.
Após ter a prisão decretada, Paulo César Farias deixou o
Brasil em julho de 1993 em um bimotor paraguaio pilotado por Jorge Bandeira,
sócio de PC Farias. Após diversas escalas, desembarcou em Buenos Aires, de
onde, dias depois, seguiu para um destino desconhecido.
O tesoureiro da campanha de Fernando Collor só seria
localizado após 133 dias, em Londres. No dia seguinte à exibição da matéria no
Jornal Nacional noticiando o paradeiro de PC Farias, o governo brasileiro pediu
sua extradição. A polícia londrina tentou, então, capturar PC Farias, mas não
conseguiu encontrá-lo. Ele tinha fugido para a Tailândia e foi preso no país
asiático em 29 de novembro.
Julgado, foi condenado a quatro anos de prisão por sonegação
fiscal e a sete por falsidade ideológica. Cumpriu um terço da pena e, em 28 de
dezembro de 1995, recebeu liberdade condicional. Em 1996, PC Farias foi
assassinado. Seu corpo foi encontrado ao lado do da namorada, Susana Marcolino,
em sua casa de praia, em Maceió.
Fonte: g1